Tilápia é o pescado preferido dos paulistas, mostra pesquisa do Governo de SP

Tilápia é o pescado preferido dos paulistas, mostra pesquisa do Governo de SP

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Dados da pesquisa que investigou o perfil dos consumidores paulistas e as principais espécies consumidas podem fomentar políticas de incentivo ao consumo, com preços mais acessíveis

O consumo de pescado (peixes, crustáceos e moluscos) no estado de São Paulo está abaixo do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Em média, os paulistas consomem esses alimentos apenas de uma a três vezes por mês, enquanto a OMS sugere o consumo pelo menos duas vezes por semana – o que equivale a 250 gramas semanais. A tilápia, em forma de filé, é a espécie mais consumida, preferida por sua carne branca, sabor suave e facilidade de preparo. O alto custo da proteína, porém, é apontado como um dos principais fatores que limitam seu consumo.

Essas informações são de uma pesquisa realizada entre 2023 e 2024 pelo Instituto de Oceanografia (IO) da USP, em parceria com o Instituto de Pesca do Estado de São Paulo (Ipesp), por meio do Núcleo de Pesquisas Pescado para Saúde, que investigou o perfil de consumo e dos consumidores paulistas de pescados, além das principais espécies consumidas.

A pesquisa gerou dados para embasar políticas públicas que promovam o acesso, a distribuição e a inclusão do pescado na alimentação dos consumidores, com o objetivo de aumentar o consumo dessa proteína de alto valor nutricional em comparação a outras fontes de proteína animal. De acordo com a nutricionista e pesquisadora de pós-doutorado do Ipesp e do IO, Jéssica Levy, o consumo adequado de pescado pode prevenir diversas doenças, como problemas cardiovasculares e distúrbios relacionados à saúde mental. “É uma proteína biodisponível, de fácil digestão e rica em vitaminas e minerais como zinco, selênio, fósforo, cálcio e ferro. Além disso, contém menos gordura saturada do que a carne vermelha e é rica em ácidos graxos essenciais”, explica a pesquisadora.

Os resultados do estudo foram publicados em artigo na Research, Society and development. A coordenação do trabalho é do professor Daniel Lemos, do IO, na área de Aquicultura – um ramo da Zootecnia que estuda a produção de organismos aquáticos, como peixes, moluscos, crustáceos, anfíbios, répteis e plantas aquáticas para uso do homem. O professor Lemos relata que o baixo consumo per capta de pescado apontado na pesquisa coincide também com os registros crescentes de doenças não transmissíveis, como obesidade e hipertensão na população brasileira. 

Ele acredita que, em um futuro próximo, o Brasil será um grande produtor de pescado e o benefício social pode ser significativo se houver mais acesso a esse alimento de alta qualidade nutritiva.

Em relação ao alto custo, principal fator apontado na pesquisa que limita o consumo de pescado, Lemos sugere que a redução do preço desse alimento passa também pelo melhor aproveitamento do pescado. Como exemplo, ele cita que atualmente o filé de tilápia, a espécie mais consumida, representa apenas 30% do peixe inteiro. “As demais partes, tão nutritivas quanto o filé, ainda são pouco aproveitadas para alimentação humana, mas poderiam ser utilizadas na produção de produtos de pescado de qualidade e mais acessíveis, como já ocorre com outras fontes de proteína animal”, diz.

A pesquisa foi realizada com 1947 pessoas de todas as regiões administrativas do estado de São Paulo, que responderam um questionário de forma on-line, compartilhados em eventos e em mercados municipais, composto por 23 questões que versavam sobre a periodicidade de consumo dentro e fora de casa; local de compra; forma de preparo; preservação (se era congelado, resfriado, seco ou salgado); apresentação (inteiro, filé ou posta); forma de preparo (assado, frito ou cozido); o que se observava na hora da compra (aparência, odor, textura, preço); espécies de pescado mais consumidas (de pesca ou de cultivo, de água doce ou marinha); os motivos do consumo (qualidade nutricional, sabor, facilidade de preparo); motivos de consumir menos pescado (preço, falta de segurança e/ou falta de acesso aos locais de compra); opinião sobre o preço do pescado (barato, regular ou caro); além de questões socioeconômicas relacionadas à localização de moradia no estado de São Paulo, renda e escolaridade.

Tilápia, a preferida dos paulistas

Dos voluntários que participaram da pesquisa, 62% eram do sexo feminino, com a faixa etária predominante entre 40 e 59 anos (43%). Além disso, 38% dos respondentes tinham nível superior, com especialização ou pós-graduação. Em relação à renda domiciliar, 48% dos participantes recebiam entre dois e seis salários mínimos. As espécies apontadas como mais consumidas foram a tilápia, seguido pelo salmão, pescada, atum, sardinha, cação, bacalhau e camarão. Em relação à tilápia, o maior produtor nacional dessa espécie é o Paraná, responsável por mais de 34% do volume total de tilápias produzidas por aquicultura no Brasil. A segunda posição no cultivo nacional de tilápia é o estado de São Paulo, com uma produção de 77.300 toneladas, em 2022.

Sobre a frequência de consumo, os participantes disseram que ocorria de uma a três vezes por mês (35%), tanto em casa quanto fora. Já os crustáceos eram consumidos principalmente em ocasiões especiais (46%), enquanto os moluscos eram raramente consumidos (52%). A maioria dos consumidores que adquiriam os pescados para preparar em casa preferiam comprar filés de peixe congelados em supermercados (73%). Em termos de preparo, o peixe (29%) e os crustáceos (26%) eram, preferencialmente, consumidos fritos, enquanto os moluscos geralmente cozidos (25%).

Ao serem questionados sobre quem preparava o pescado adquirido em casa, 57% dos respondentes afirmaram que eram eles mesmos, enquanto 35% disseram que um membro específico da família era responsável pela preparação. Na hora da compra, 55% observava a aparência geral do pescado, os olhos e as brânquias, e 10% considerava, o preço.

Quanto à avaliação do preço, 47% dos respondentes consideraram o pescado “caro”, e 19% achavam “muito caro”. No entanto, 29% afirmaram que pagariam mais pelo pescado caso ele tivesse certificação de qualidade, enquanto 44% disseram que consumiriam menos, caso o preço fosse mais alto em comparação com outras carnes de origem animal. Quase 50% da amostra alegou que consumia pescado por considerá-lo saudável, seguido por 37% que o faziam por gostar do sabor.

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Pescado para saúde

O grupo de estudo do Núcleo de Pesquisas Pescado para Saúde conta com o financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e envolve várias instituições participantes, tendo o IO como sede em co-execução com o Instituto de Pesca, e parceria com a Universidade Mogi das Cruzes (UMC) e Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), além de empresas privadas nacionais e internacionais compondo um Núcleo de Pesquisas Orientados a Problemas (NPOP), no âmbito do edital Ciência para o Desenvolvimento da Fapesp.

A missão do núcleo é promover e aumentar o consumo de pescado, incluindo produtos de aquicultura fortificados nutricionalmente, como uma alternativa mais saudável ao consumo de carnes vermelhas e processadas e fast foods, na luta contra a epidemia de obesidade, doenças coronárias e males associados existentes no estado de São Paulo e no Brasil.Como primeira tarefa, o núcleo realizou um estudo de mercado para identificar as espécies de pescado mais consumidas no estado de São Paulo e as preferências do consumidor. Outra tarefa é informar ao público a importância do pescado por meio da comunicação e divulgação científica.

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Fonte: Governo de SP – Foto: Jéssica Levy/Núcleo de Pesquisas Pescados para a Saúde

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