Presidente do Sindicato dos Delegados de SP alerta para o quanto a criminalidade tem feito a população e policiais vítimas; mais investimentos na Segurança Pública são essenciais para a contenção da crescente onda de violência
O assassinato do delegado de Polícia Josenildo Belarmino de Moura Junior, na zona sul de São Paulo, em plena luz do dia, na última terça-feira (14/1), causou comoção diante da covardia com que o crime foi cometido. Ao mesmo tempo, revela o quão vulnerável toda a sociedade está diante da criminalidade, e a necessidade de o Governo do Estado valorizar seus policiais e trabalhar para resguardar suas vidas. O alerta é do Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Sindpesp).
Josenildo foi morto a tiros, pelas costas, durante assalto, na Chácara Santo Antônio. Numa moto, o bandido, disfarçado de entregador de comida por delivery, levou a arma e o celular da vítima. Há dois meses, o delegado de 32 anos havia concluído o curso técnico-profissional na Academia de Polícia “Doutor Coriolano Nogueira Cobra”, a Acadepol, e, desde então, trabalhava no 11° Distrito Policial (DP) – localizado no mesmo bairro onde ocorreu o latrocínio.
A presidente do Sindpesp, delegada Jacqueline Valadares, chama a atenção para a alta exposição à violência a que estão sujeitos os policiais civis de São Paulo, enquanto fazem valer o juramento firmado em formação – o de servir e proteger a população, 24 horas por dia:
“O simples fato de ser policial já faz da pessoa um alvo em potencial. Um cidadão comum, quando é assaltado, tem seu bem subtraído – o que já é lamentável, odioso e absurdo! O policial, caso identificado, tem grande probabilidade de, ainda, perder a vida – o que pode ter acontecido com Josenildo. Na hora em que o bandido pediu o celular e enxergou a arma do delegado na cintura, deve ter concluído que se tratava de um policial. E isso, para nós, é sentença de morte”, reforça Jacqueline.
A criminalidade em alta, não de hoje, em território bandeirante, sobretudo quanto ao furto e ao roubo de celular e o fortalecimento de facções, aflige o paulista, mas, também, os policiais, como bem lembra a presidente do Sindpesp:
“Em São Paulo, enfrentamos organizações criminosas das mais perigosas, o que torna nosso trabalho ainda mais arriscado. O Estado precisa ter um olhar para isto e valorizar os profissionais de Segurança na prática, e não apenas em discurso. Só assim nos sentiremos mais protegidos e respaldados, e teremos resultados mais efetivos”.
Um dos piores salários do País
Hoje, os delegados paulistas estão entre os que recebem os piores salários do Brasil. O Estado governado por Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos) ocupa a 22ª colocação entre todas as unidades da federação. Os baixos salários, aliado ao alto custo de vida e aos riscos criminais, levam à constante saída de delegados de São Paulo para regiões com melhores vencimentos:
“Por perder policiais de forma constante pelo baixo salário, a Polícia Civil, neste momento, tem déficit de mais de 14 mil profissionais, o que traz sobrecarga de trabalho aos ativos e resulta na impossibilidade de se dar a atenção devida às milhares de investigações em andamento”.
O último reajuste, e único, no atual mandato (2023/2026) foi concedido dois anos atrás, sendo insuficiente sequer para recompor as perdas inflacionárias das últimas décadas e, muito menos, para conter a evasão.
O delegado assassinado na Chácara Santo Antônio, dias atrás, por exemplo, estava prestes a pedir exoneração em São Paulo para assumir o mesmo cargo em Pernambuco – sua terra natal e onde o holerite é mais vantajoso:
“Iríamos perder mais um delegado para um outro Estado que tem plano de carreira melhor e remuneração superior a de São Paulo, só que, infelizmente, antes, perdemos o colega para a violência. Este assassinato, inclusive, deixou os policiais civis paulistas reflexivos. Afinal, um Estado da envergadura econômica de São Paulo, onde os riscos criminais são mais graves em comparação à maioria dos outros, poderia e deveria ter postura prática e efetiva de valorização de seus policiais”, complementa Jacqueline.
Formação
Além do pleito à gestão Tarcísio pela valorização da Polícia Civil, o Sindpesp vai sugerir à Acadepol cursos táticos constantes para todo o expediente da instituição, com direito a aumento da carga horária, visando o aperfeiçoamento quanto à prevenção / reação em situação de perigo.
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Fonte/foto: Sindpesp