O estado de São Paulo liberou a partir desta segunda-feira (1º) a realização de shows em pé, baladas, bares e eventos esportivos com 100% de público. A liberação se dá após quase dois anos de distanciamento e reclusão devido à pandemia da covid-19.
A permissão acontece no momento em que o estado atinge mais de 87% da população adulta com esquema vacinal completo e queda no número de internações pela doença. A taxa de ocupação dos leitos de UTI no estado hoje é de 26,6%, e na Grande São Paulo, de 36,4%.
No entanto, medidas de segurança continuam obrigatórias, como o uso obrigatório de máscaras em qualquer ambiente e respeito aos protocolos de higiene. Para entrada e participação nesses eventos, os estabelecimentos e organizadores deverão exigir um comprovante com esquema vacinal completo, ou seja, duas doses da vacina CoronaVac, AstraZeneca e Pfizer ou dose única da Janssen. Também precisarão disponibilizar álcool em gel 70% em locais de fácil acesso ao público.
Quem ainda não tiver concluído o esquema vacinal, deverá apresentar um comprovante com a primeira dose e um teste negativo para a covid-19 do tipo PCR realizado em até 48 horas antes do ingresso no evento; ou um teste negativo de antígeno realizado nas últimas 24 horas. Além da utilização da máscara de proteção facial durante a permanência no espaço, há a recomendação de distanciamento entre as pessoas.
De acordo com a última atualização do Plano SP, cabe a cada município definir se segue o governo do estado. A prefeitura da cidade de São Paulo seguiu a orientação e liberou todos os eventos a partir de hoje.
As orientações para a retomada de grandes eventos com controle de público partiram das análises do Comitê Científico do Governo do Estado, que seguirá monitorando e apoiando a gestão para o combate à pandemia e a retomada segura das atividades socioeconômicas.
Fonte/Texto: Agência Brasil/Ludmilla Souza Imagem: Rovena Rosa/Arquivo – AB
Hoje, 1º de novembro, é uma data importante para quem opta por não consumir nenhum produto que tenha origem ou que foi testado em animais. É o Dia Mundial do Vegano.
No Brasil, uma pesquisa do Ibope mostrou que, em 2018, aproximadamente 7% da população era considerada vegana e que 55% dos brasileiros dariam preferência para produtos veganos, se houvessem indicações nas embalagens, ou se o preço fosse igual aos produtos já vendidos no mercado.
Sita Lamartine, moradora da Chapada dos Veadeiros, em Alto Paraíso de Goiás, se tornou vegana em 2015. “Essa escolha na minha vida, só fez a minha vida ficar melhor, mais feliz, e deu muito sentido e propósito, casou diretamente com o que mais chama o meu coração e eu sou muito feliz por ser vegana”, disse.
A nutricionista Thaisa Navolar, de Florianópolis, destaca que a alimentação vegana pode ser tão saudável quanto a dieta de uma pessoa que consome proteína animal. “O mais importante é que a pessoa perceba que ela precisa aumentar um pouco o consumo de leguminosas no seu dia, o que eu quero dizer com isso? As leguminosas são o grupo que tem feijão, lentilha, o grão de bico, soja, a ervilha, são o grupo de alimentos que mais tem proteína e que mais tem ferro”, explicou.
Outra preocupação do público vegano é com produtos testados em animais. Carolina Galvani, presidente da ONG Sinergia Animal, disse que, hoje em dia, as empresas de cosméticos têm tentado alcançar esse público. “A gente vê grandes marcas entrando nesse mercado, e o que nós vemos também, principalmente nas redes sociais, quem é vegano recebe uma grande quantidade de anúncios direcionada para esse público; e o surgimento de várias empresas menores de cosméticos, que estão muito voltadas para a sustentabilidade e para o mercado vegano”.
Em 2013, a Sociedade Vegetariana Brasileira criou um selo de certificação para produtos de diversas categorias, como alimentos, cosméticos, higiene, limpeza e calçados. A certificação é dada não à empresa ou a marca, e sim a cada produto, e indica que o item é livre de ingredientes de origem animal, que a empresa fabricante e seus fornecedores não testam o produto em animais. Mais de 3.500 itens já receberam o selo.
Fonte/Texto: Agência Brasil/ Larissa Lousrhânia – Estagiária da Rádio Nacional Imagem: Arquivo/Agência Brasil
Equipes do governo de São Paulo concluíram, na noite desse domingo (31), o trabalho de resgate e salvamento de bombeiros civis que ficaram presos na Gruta Duas Bocas, localizada no município de Altinópolis, em razão de um soterramento. Nove corpos foram retiradas do local e uma pessoa ferida foi levada ao pronto-socorro da região, mas já foi liberada. Ao todo, 26 pessoas estavam na gruta no momento do acidente e 16 saíram ilesas.
Os trabalhos para resgate das vítimas tiveram início durante a madrugada de domingo, mobilizando aproximadamente 75 homens do Corpo de Bombeiros ao longo do dia. Equipes do Grupo de Atendimento em Emergência e Desastre (Gead) também foram deslocadas para o município, a fim de auxiliar nas buscas e salvamento.
Também apoiaram as atividades a Polícia Militar local, por meio de seus batalhões territoriais e equipes do Canil, o Comando de Aviação da PM (CavPM) com a disponibilização de duas aeronaves, além especialistas em resgate, técnicos da Coordenadoria Estadual da Defesa Civil e um geólogo do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT).
O grupo de 28 pessoas participava do curso para bombeiro civil, realizado no local pela empresa Real Life Treinamentos, quando o teto da gruta Duas Bocas caiu. Desse total, uma pessoa foi retirada ferida da caverna, encaminhada para o hospital da cidade, mas já teve alta. Nove pessoas morreram, sendo cinco homens e quatro mulheres.
Defesa Civil
Em nota, a Polícia Civil Estadual informou que o Posto de Comando no local já foi desmobilizado. A Polícia Civil está investigando as causas do acidente.
Fonte/Texto: Agência Brasil/Ludmilla Souza Imagem: Corpo de Bombeiros PMESP
De hoje (1º) até 30 de novembro, pessoas físicas com dívidas em atraso poderão renegociar os débitos no Mutirão Nacional de Negociação de Dívidas e Orientação Financeira. Promovida pela Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), pelo Banco Central, pela Secretaria Nacional do Consumidor do Ministério da Justiça e pelo Senado, a iniciativa também promoverá cursos de educação financeira.
Os interessados devem fazer o registro no site consumidor.gov.br, criado pela Senacon e com a adesão de mais de 160 instituições financeiras. Após concluir o registro, o devedor deve escolher a instituição com a qual deseja negociar, relatar o problema e fazer o pedido. O banco ou a financeira tem até 10 dias para analisar a requisição e apresentar uma proposta.
A novidade desta edição está no desenvolvimento de um site específico para o devedor preparar a negociação. No endereço mutirao.febraban.org.br, é possível pegar orientações antes de inserir a proposta na plataforma da Senacon. Entre as informações que podem ser obtidas na página estão a lista das dívidas, quando vale a pena participar do mutirão e a parcela do orçamento que pode ser destinada ao pagamento das dívidas.
A página da Febraban também tem um link para o Registrato, sistema do Banco Central que divulga um extrato das informações de uma pessoa com instituições financeiras, inclusive a lista de dívidas em seu nome. O site também fornece o Índice de Saúde Financeira (ISF) de cada devedor.
Educação financeira
Segundo a Febraban, o foco na educação financeira representa um dos principais diferenciais do mutirão deste ano. O objetivo é preparar os consumidores para a negociação em si, evitando que o usuário chegue em desvantagem na hora de lidar com as instituições financeiras e reduzindo o risco de reincidência dos devedores.
Poderão fazer parte do mutirão dívidas sem bens dados em garantia, que estejam em atraso e em nome de uma pessoa natural e tenham sido contraídas de bancos ou financeiras. Segundo o Banco Central, o acordo de cooperação técnica entre o órgão e a Febraban para desenvolver ações coordenadas de educação financeira integra a Agenda BC#, lista com as prioridades e as estratégias da autoridade monetária.
A Lei de Remoção de Automóveis Abandonados já retirou das ruas de São Roque 108 automóveis que estavam em situação de degradação e atrapalhavam o espaço público. A Lei (Nº 5.172) é uma iniciativa do Prefeito Guto Issa e atendeu uma reivindicação antiga da população, que há anos reclama de veículos que simplesmente são largados pelas vias da cidade, causando diversos inconvenientes.
Desde abril deste ano, o Departamento de Trânsito realiza ações pela cidade, detectando veículos urbanos ou agrícolas que estejam em estado de abandono e que são adesivados com uma notificação. O proprietário também é informado sobre a situação e, caso não tome nenhuma providencia em 15 dias, o veículo será levado ao pátio municipal, onde será leiloado em 60 dias caso o dono não se manifeste para retirá-lo.
Dos 108 veículos retirados, 100 foram removidos pelos próprios proprietários e apenas oito foram removidos ao pátio municipal por falta de ação dos donos. Estes veículos foram levados ao pátio municipal e seis já foram retirados pelos donos após o cumprimento das despesas.
“O Departamento de Trânsito continuará a realizar ações pela cidade, identificando e notificando os automóveis que estejam abandonados a trabalhando o espaço público. A população pode colaborar conosco nesta ação, informando a localização destes automóveis irregulares, através do telefone 4784-8528”, afirmou o chefe da Divisão de Trânsito Robson Grande Mielczarek.
Atualização do Corpo de Bombeiros Militar de São Paulo informa que nove pessoas ainda estão desaparecidas após o desabamento, na madrugada de hoje (31), de uma gruta onde ocorria treinamento de bombeiros civis no município de Altinópolis, região de Ribeirão Preto.
Segundo a corporação, das 26 pessoas que participavam do curso, realizado pela empresa Real Life Treinamentos na caverna Itambé, 14 saíram ilesas, três ficaram feridas e foram retiradas com fraturas e hipotermia e nove estão desaparecidas.
O resgate está sendo feito por 20 bombeiros e seis viaturas, com auxílio do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e da polícia. Equipes da capital paulista estão sendo enviadas ao local, inclusive unidades do canil do corpo de bombeiros.
Fonte/Texto: Agência Brasil/Bruno Bocchini Imagem: Corpo de Bombeiros PMESP
Um desabamento em uma caverna onde ocorria o treinamento de bombeiros civis deixou 26 pessoas soterradas no município de Altinópolis (SP), região de Ribeirão Preto. De acordo com o Corpo de Bombeiros Militar de São Paulo, 15 pessoas permanecem soterradas e três vítimas foram retiradas do local com fraturas e hipotermia.
O treinamento dos bombeiros civis era realizado pela empresa Real Life Treinamentos na caverna Itambé quando o teto da gruta desabou. O resgate ocorre por meio de uma equipe de 15 bombeiros e quatro viaturas, com apoio do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e da polícia militar.
*Matéria em atualização.
Fonte/Texto: Agência Brasil/Bruno Bocchini Imagem: TCE-SP/Fotografo não identificado.
Nenhuma aposta acertou as seis dezenas do concurso 2.424 da Mega-Sena, sorteado na noite deste sábado (30) no Espaço Loterias Caixa, localizado no Terminal Rodoviário Tietê, em São Paulo. As dezenas sorteadas foram 03, 16, 17,37, 38 e 53.
A estimativa da Caixa é que o prêmio acumulado para o próximo sorteio, na quarta-feira (3) às 20h, chegue a R$ 65 milhões.
A quina registrou 101 apostas ganhadoras. Cada uma vai pagar R$ 41.070,64. A quadra teve 6.968 apostas vencedoras e cada apostador vai receber R$ 850,44.
As apostas para o concurso 2.425 podem ser feitas até as 19h (horário de Brasília) da quarta-feira em casas lotéricas credenciadas pela Caixa em todo o país ou pela internet. O volante, cm seis dezenas, custa R$ 4,50.
O arrefecimento da pandemia, após o avanço da vacinação, tem devolvido os jovens ao ambiente escolar. Com a volta dos adolescentes às escolas, à convivência com colegas e professores, a Associação de Mulheres de Sobradinho II, iniciou em setembro, em 18 escolas do Distrito Federal, um debate sobre a violência contra a mulher. A associação aborda a agressão sofrida dentro de casa e, muitas vezes, invisível ao Estado e à comunidade ao redor.
Para muitos estudantes, o tema é muito pessoal. As atividades realizadas nas escolas têm provocado debates entre os oficineiros, alunos e professores. Robson Salazar, diretor de uma das escolas atendidas pelo projeto, notou que, após o período de isolamento social, alguns de seus alunos têm retornado com suas próprias experiências de violência doméstica. E, após as atividades, se sentem estimulados a compartilhá-las.
“A gente observa que o período da pandemia trouxe um comportamento extremamente agressivo, e nossos alunos estão voltando [às aulas] em um contexto de violência, de uma carga emocional muito forte. Quando fomos procurados pela associação, de imediato aceitamos a proposta porque entendemos a necessidade e a importância desse tema nesse atual momento”, disse o professor.
Nas atividades da associação nas escolas, os estudantes têm espaço para se manifestar, e os relatos começam a surgir. “Quando terminam as palestras, antes de iniciarem as oficinas, é aberta uma pequena discussão e a gente vê a fala dos nossos alunos. Em casa eles têm exemplos de violência doméstica e começam inclusive a nos procurar, a procurar o serviço de orientação”, disse Robson, que acompanha de perto o trabalho da associação em sua escola.
Ivonete dos Santos é assistente social e coordenadora-geral do projeto. Durante o trabalho nas escolas, ela abre espaço para os estudantes compartilharem suas impressões e experiências sobre o assunto. “Muitos casos são citados por eles. E como a maioria tem espaço livre para interagir com os oficineiros, eles acabam se sentindo à vontade para perguntar, refletir, indagar e até mesmo contar situações vividas por eles”.
Mas nem todos se sentem à vontade para contar suas histórias em público. Alguns estudantes procuram o corpo docente para desabafar. Segundo Robson, esses alunos trazem de casa traumas emocionais, em relatos tristes de se ouvir. “É uma realidade que começa a se apresentar, de que existe um problema muito sério e uma carga emocional muito grande nas famílias dos alunos”, disse Robson.
Uma estudante contou que sua mãe era agredida pelo pai dentro de casa. Em outro caso, uma menina relatou aos professores ter sofrido abusos sexuais por um parente, em um episódio que envolveu a polícia e a imprensa no DF. “São situações de toda ordem que temos presenciado depois desse retorno da pandemia”, disse o diretor.
De acordo com balanço da Secretaria de Segurança Pública do DF, quase 8 mil ocorrências de violência doméstica foram registradas no primeiro semestre de 2021, na capital federal.
O projeto Valorização das Mulheres e Combate ao Machismo nas Escolas está sendo conduzido pela Associação de Mulheres de Sobradinho II nas escolas da região norte do Distrito Federal, com acompanhamento da Secretaria de Educação, por meio da Coordenação Regional de Ensino. São realizadas palestras, peças teatrais, concursos de redação e apresentação de conteúdo audiovisual. O projeto prossegue até o dia 8 de março de 2022.
“Acreditamos que as ações pedagógicas têm como objetivo a reflexão nos papéis sociais, de modo que possamos fazer com que o número de práticas machistas e violações de direitos contra meninos e meninas diminua”, explica Ivonete.
Cultura do machismo
Além dos relatos pessoais, os jovens são estimulados a discutir a violência contra a mulher e a origem machista desses episódios. “O projeto utiliza a educação como instrumento de reflexão para a mudança da cultura machista da nossa sociedade, estimulando debate nas escolas para criar uma nova perspectiva de respeito e valorização das mulheres”, disse Ivonete.
Segundo a coordenadora do projeto, o primeiro contato dos jovens com comportamentos violentos contra mulher acontece, na maioria das vezes, dentro de casa. Por isso, essa parceria escola-família é muito importante. “A associação oferece assistência a famílias vítimas de violência doméstica com roda de conversa, conscientizando as famílias sobre essa violência e o machismo estrutural, da mesma forma que levamos o debate para dentro das escolas, com as oficinas”.
A associação
A Associação de Mulheres de Sobradinho II é uma organização da sociedade civil sem fins lucrativos que há 20 anos desenvolve atividades de atenção às vítimas de violência doméstica. Nos últimos anos, expandiu seu atendimento para mulheres em situação de vulnerabilidade social, atendendo suas famílias e realizando ações de empoderamento dessas mulheres.
A associação também promove ações como distribuição de cestas básicas, cestas verdes, bazares, dança terapêutica, palestras, encontro semanal para idosas. Ela também conta com atendimento psicológico, nutricionistas e aconselhamento jurídico, entre outros serviços.
Fonte/Texto: Agência Brasil/Marcelo Brandão Imagem: Paulo H. Carvalho/AB
Mercado passa por momento de alta após crise de vendas na pandemia
A pandemia de covid-19 fez com que a população de todo o mundo passasse por experiências de isolamento e distanciamento social. Para muitas pessoas, os grandes companheiros durante estes momentos foram os livros, que são celebrados hoje (29) – Dia Nacional do Livro – em todo o território nacional.
As livrarias, que tiveram que fechar as portas logo no início da emergência sanitária, foram altamente afetadas pela impossibilidade de vendas. Agora, registram o retorno gradual do público e o aumento significativo nas vendas de livros em geral.
“As pessoas compraram muito mais livros [na pandemia]. Passados os quatro primeiros meses, quando houve muita incerteza e muitas dificuldades até mesmo de logística e de lojas fechadas, as pessoas começaram a se reconectar e as vendas cresceram, o que observamos no mundo inteiro. Aqui no Brasil demorou um pouco mais. Começamos a notar isso mais forte a partir de agosto. De setembro em diante, o crescimento foi tão grande que praticamente recuperou todas as perdas do período inicial da pandemia. E esse movimento permanece em 2021”, disse Marcos da Veiga Pereira, presidente do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel).
Movimento de leitores na livraria Martins Fontes, em Vila Buarque. – Rovena Rosa/Agência Brasil
Segundo ele, neste ano de 2021, o setor está crescendo de forma robusta inclusive sobre 2019, período anterior à pandemia. “Acho que as pessoas redescobriram o prazer de ler e [isso] recolocou o livro nos hábitos diários”, disse Pereira.
Como ocorreu com muitas pessoas, ela não conseguia ler no início da pandemia. “O ano de 2020 foi muito intenso e eu não conseguia me concentrar. Li pouquíssimo, mas também não me forcei a ler. Leitura tem que ser por prazer, não por obrigação”, falou. Já neste ano de 2021, ela leu mais do que costumava: foram 26 livros lidos até agora. “Em 2021 tudo mudou. Foi o ano que mais li. Comecei a seguir no Instagram mais pessoas ligadas aos livros e essas pessoas inspiram a gente a querer ler mais, saber mais”, explicou.
Com menos deslocamentos pela cidade e menos atividades presenciais, grande parte das pessoas também teve mais tempo livre durante a pandemia. “Por conta do trabalho, estudos, distância de casa e deslocamentos, o único tempo que tinha para ler era no transporte público. Por conta da pandemia estou em home office desde março de 2020, então tenho um pouco mais de tempo livre. Às vezes fecho o notebook e já emendo um livro para desligar a cabeça dessa doideira corporativa”, disse Pedro Balciunas, 26 anos, escritor, roteirista e jornalista.
Nesse tempo, ele também criou um perfil no Instagram para publicar resenhas sobre livros. “Como sempre li muito, as pessoas naturalmente vinham me procurar para pedir dicas de livros, incentivos para ler mais. Então decidi maximizar isso com a rede social, um lugar que te dá acesso a muita gente interessada no mesmo assunto que você”, contou.
Balciunas tem o hábito de ler desde criança. E assim como Solange, passou a ler mais durante a pandemia. “Em 2019, li 12 livros; em 2020 foram 14 livros. Até o momento, em 2021, já foram 24”, falou.
Aumento de Vendas
O Painel do Varejo de Livros no Brasil, divulgado pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel) a partir de pesquisa feita pela Nielsen BookScan, demonstrou que, entre janeiro e setembro deste ano foram vendidos 36,1 milhões de exemplares de livros, aumento de 39% em comparação ao mesmo período de 2020.
Apesar da base de comparação ser baixa, já que em 2020 o setor ainda enfrentava muitos problemas relacionados à pandemia, esse aumento já é robusto em relação a 2019 também. “A gente está crescendo em 2021 em relação a 2019. A gente cresceu muito em relação a 2020, ano da pandemia. Mas se comparar com 2019, é um crescimento robusto também”, afirmou Marcos da Veiga Pereira, presidente do Snel.
Compras online
Em entrevista à Agência Brasil, Vitor Tavares, presidente da Câmara Brasileira do Livro (CBL), disse que a pandemia foi um momento muito difícil para o setor. Principalmente nos primeiros meses após a chegada do novo coronavírus ao Brasil, quando os governos determinaram o fechamento do comércio não essencial – caso das livrarias. “A pandemia afetou muito, não só o setor editorial, mas a economia como um todo. No começo da pandemia, ficamos muito preocupados porque as livrarias e as editoras, no mês de março, pararam. Ficamos praticamente 90 dias com o afastamento social. As livrarias físicas estavam fechadas, sem faturar nada. Todo mundo ficou muito preocupado”, disse Tavares.
“Depois, em um segundo momento, a gente percebeu que a pandemia não ia terminar assim tão rápido e começamos a nos reinventar. Os editores, por exemplo, se tinham planejamento de fazer uma certa quantidade de livros, diminuíram pela metade. As livrarias tradicionais, que já trabalhavam com vendas pela internet, tiveram um aumento muito bom, até dobraram o faturamento das vendas de livros pela internet. Foi o que de fato alavancou as vendas no ano de 2020”, falou Tavares.
Solange foi uma das pessoas que comprou livros pela internet durante a pandemia. “Comprei muito mais livros na pandemia. E o consumo foi muito maior pelo e-commerce. Mas com a volta da abertura do comércio, estou indo também em livrarias de rua pra comprá-los”, disse Solange.
Ficção
O gênero literário mais procurado durante a pandemia pelos brasileiros foi ficção. “Em 2020, as pessoas consumiram muitos clássicos. O autor mais vendido durante a pandemia foi George Orwell, com A Revolução dos Bichos”, disse o presidente do Snel.
“Achei um livro simples e atemporal, que dialoga com questões atuais, como pós-verdade, exploração, corrupção, líderes insanos e escolhas de inimigos para gerar crises”, descreveu Balciunas, um dos brasileiros que conheceu a obra do escritor indiano radicado em Londres.
Outro livro que também apareceu entre os mais vendidos nesse período foi a ficção distópica 1984, também de Orwell. “Todo brasileiro deveria ler este livro”, acrescentou Solange.
Segundo o Snel e a CBL, outros gêneros literários com alta demanda foram guias de culinária e gastronomia, livros infantis e publicações sobre negócios.
Novas perspectivas
Com o avanço da vacinação e a consequente diminuição dos casos de covid-19, as livrarias brasileiras puderam reabrir. Isso possibilitou também que novos livros fossem lançados no mercado. “Na pandemia, foi muito difícil lançar livros novos. As livrarias fechadas impediram que a gente pudesse apresentar novidades. E isso tem acontecido agora em 2021. Vamos perceber um crescimento muito forte no número de novos produtos lançados”, disse Pereira.
“As livrarias começaram a reabrir e a gente viu que o público leitor começou a voltar a comprar livros. O brasileiro, na pandemia, não deixou de ler. Assim como os autores não deixaram de escrever. Tivemos aumento muito interessante de novos livros, novos lançamentos”, falou Tavares, citando que as inscrições para o Prêmio Jabuti, que é organizado pela Câmara, tiveram um grande aumento neste ano. Outro fenômeno ocorrendo com o avanço da vacinação é a abertura de novas livrarias físicas, principalmente na cidade de São Paulo.
Para incrementar as vendas, o setor também aposta em outras estratégias para se aproximar do leitor. “Sempre fomos muito passivos em relação ao consumidor. Mas isso passou a ser mais ativo na pandemia, na medida em que a comunicação passou a ser online, todos os departamentos de marketing das principais editoras passaram a centrar atividades e esforços, em construir uma base de relacionamento direto com seus leitores. O livro passa a ser muito mais presente em sua vida”, disse o presidente do sindicato.
Estante de livros da livraria Martins Fontes, na Vila Buarque. – Rovena Rosa/Agência Brasil
Outra estratégia citada por Tavares foi que as livrarias, principalmente as menores, passaram também a vender pela internet, utilizando suas redes sociais. “As livrarias de bairro, as menores, foram as que mais sofreram na pandemia. Elas não têm um capital para ficar fechadas por um período muito longo. A gente viu que muitas delas tiveram que fechar ou ser vendidas. Mas também percebemos que muitas começaram a adquirir, correr atrás e vender livros pela internet, Whatspp, por rede social, fazendo lives”.
Depois desse período mais difícil da pandemia, o setor agora se anima também com a volta dos eventos presenciais dedicados ao livro, como a Bienal do Livro de São Paulo. Em julho de 2022, ela volta a ser presencial e vai prestar uma homenagem a Portugal, como parte das celebrações pelos 200 anos da Independência do Brasil.
Apesar dessas perspectivas positivas, o setor ainda batalha para impedir que a taxação sobre os livros seja aprovada. Desde 1946, os livros são isentos de impostos, mas uma proposta de reforma tributária do governo prevê o fim dessa isenção. “Temos combatido, lutado muito, para que o livro não seja tributado e para que ele seja acessível cada vez mais para a população como um todo”, disse Tavares.
Dia do Livro
Em celebração ao Dia Nacional do Livro, Solange reforça a importância da leitura como instrumento de transformação. “Acho que é uma troca muito intensa de conhecimento entre o escritor e o leitor. Além claro, de que quanto mais se lê, mais a gente entende as questões políticas e sociais que envolvem nosso dia a dia. Com isso, começamos a pensar e agir de forma diferente para que o cenário mude”, refletiu.
Estante de livros da livraria Martins Fontes, na Vila Buarque. – Rovena Rosa/Agência Brasil
“Dica? Desligue do celular e vá ler um livro”, acrescentou. “Nada contra TV, séries, novelas, eu mesmo adoro tudo isso, mas leitura é uma forma muito mais potente e dinâmica de estimular o nosso cérebro, isso é científico. Ela te coloca em contato consigo mesmo de uma maneira muito sutil e que ativa capacidades cognitivas de atenção, foco e concentração que nenhum outro meio possibilita.”