As inscrições para as eleições do Conselho Municipal de Saúde de Jandira, referentes ao biênio 2025/2027, estão abertas. O processo seletivo visa a escolha de representantes que terão a responsabilidade de contribuir para a formulação e fiscalização das políticas de saúde no município.
Os usuários do sistema público de saúde podem se inscrever entre os dias 24 de março e 17 de abril. Já os servidores concursados da área da saúde têm um prazo menor, de 24 a 31 de março, para registrar a candidatura. As inscrições podem ser realizadas na Secretaria de Saúde, localizada na Rua João Balhesteira, s/n, no Parque JMC, e nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) do município.
A plenária de composição do conselho está agendada para o dia 30 de abril, às 14h, e reunirá representantes de diversos setores, incluindo associações, entidades religiosas, servidores públicos da saúde, servidores concursados e trabalhadores da rede privada. O conselho será formado por 16 membros, garantindo pluralidade nas decisões sobre a saúde pública.
A participação da população é fundamental para assegurar que as políticas de saúde atendam às reais demandas dos munícipes. O Conselho Municipal de Saúde é um espaço de diálogo e deliberação que contribui para uma gestão mais transparente e eficiente no setor.
O município de Cajamar conquistou o 4º lugar no Brasil e o 1º no estado de São Paulo no pilar “Acesso à Saúde” do Ranking de Competitividade dos Municípios. O levantamento, que avalia diversos indicadores de desenvolvimento municipal, destacou a eficiência da cidade na oferta de serviços de saúde à população.
No ranking geral, que considera múltiplos fatores além da saúde, Cajamar avançou 17 posições em relação a 2023 e agora ocupa o 73º lugar entre os municípios brasileiros. O avanço reflete melhorias em áreas como inovação, dinamismo econômico e acesso à educação.
A alta classificação de Cajamar no pilar “Acesso à Saúde” resulta de indicadores como atendimento pré-natal, cobertura da atenção primária, cobertura de saúde suplementar e cobertura vacinal. Entre as ações que impulsionaram esse desempenho, está a centralização dos serviços no Complexo de Saúde de Jordanésia, localizado na Avenida Dr. Antonio João Abdalla, 1500. A medida busca oferecer atendimento mais eficiente e integrado à população.
Além disso, a prefeitura anunciou a abertura de mais de 150 vagas de trabalho no Complexo de Saúde, contemplando áreas como enfermagem, assistência social e suporte administrativo. A iniciativa visa fortalecer a equipe de saúde e gerar novas oportunidades de emprego para os moradores.
A cidade de Barueri reafirma sua posição como referência em saúde na região ao atingir a impressionante marca de 266.069 atendimentos somente no mês de fevereiro deste ano. Os dados, obtidos por meio do portal da transparência, incluem atendimentos na atenção básica e especializada, demonstrando a alta demanda e eficiência do sistema municipal.
O volume de atendimentos chama atenção não apenas pelo quantitativo, mas também pela proporção em relação à população da cidade, estimada em pouco mais de 330 mil habitantes. Isso significa que, apenas em fevereiro, a quantidade de atendimentos equivale a aproximadamente 80% da população local, reforçando o protagonismo de Barueri na oferta de saúde pública de qualidade também para a população dos municípios vizinhos que utilizam o sistema de saúde da cidade.
Do total de atendimentos registrados, a maioria ocorreu por “demanda espontânea”, com 161.310 casos, seguidos por “primeira consulta” (40.114), “exames” (26.035), “retorno médico” (25.212) e “referência” (13.398), quando há encaminhamento para um especialista.
Os serviços de urgência e emergência nos Pronto-socorros e Unidades de Internação somaram 91.672 atendimentos, sendo os mais procurados: clínico geral (55.152), pediatria (16.739), ortopedia (7.572) e ginecologia/obstetrícia (4.084).
Outro número impressionante diz respeito aos exames laboratoriais, que ultrapassaram a marca de 500 mil em fevereiro, além da distribuição de mais de 8 milhões de medicamentos para a população.
Pessoas com diabetes terão atendimento prioritário na rede pública de saúde de Barueri para a realização de exames que exigem jejum, como coletas de sangue e ultrassonografias. A medida busca evitar complicações médicas, como hipoglicemia ou hiperglicemia, que podem ocorrer caso os pacientes fiquem longos períodos sem se alimentar.
A iniciativa está prevista no Projeto de Lei 004/2025, aprovado por unanimidade na Câmara Municipal na última terça-feira (11). O texto reforça a importância do atendimento humanizado e segue os protocolos de classificação de risco que consideram as particularidades do diabetes. A nova norma também se alinha à Política Nacional de Prevenção do Diabetes e de Assistência Integral à Pessoa Diabética.
Para ter acesso à prioridade, o paciente deverá ter a condição registrada em seu prontuário médico digital, mediante laudo ou relatório que comprove o diagnóstico. A classificação de risco caberá aos profissionais da rede pública, levando em conta critérios específicos para diabetes tipo 1 e 2.
O autor da proposta, vereador Zé Baiano (União), destacou que a medida visa garantir maior segurança e acolhimento aos diabéticos. “Muitos pacientes precisam realizar exames e acabam esperando por horas sem se alimentar, o que representa um risco sério à saúde. Nossa proposta é adotar medidas como o uso de pulseiras de identificação para que o atendimento seja agilizado, garantindo o bem-estar desses pacientes”, afirmou.
Dando continuidade às ações contra a dengue previstas para o ano de 2025, a Prefeitura de Barueri, por meio do Departamento Técnico de Controle de Zoonoses (DTCZ), da Secretaria de Saúde, realiza neste sábado, 15 de março, das 9h às 15h30, um mutirão na Vila Pouso Alegre.
A equipe de agentes do DTCZ percorrerá as ruas Gertrudes Silva Ramos, Antônio Pereira Tendeiro, Claro de Camargo Sobrinho, Vitória, Ana de Camargo Branco, Indianápolis e Libéria. É imprescindível que os baruerienses recebam bem esses profissionais, que só podem entrar nas casas com a autorização dos moradores – o que torna ainda mais importante a colaboração da população no combate à dengue.
Os agentes são responsáveis por vistoriar residências e identificar possíveis criadouros do Aedes aegypt, mosquito transmissor da dengue e de outras doenças tão perigosas quanto ela, tais como a febre amarela, a zika e a chikungunya. As visitas também são feitas em comércios, indústrias, prédios e galpões. Além da inspeção, os profissionais conscientizam a população sobre a importância de eliminar focos do vetor, identificam pontos críticos, orientam os moradores sobre os cuidados necessários para evitar a proliferação do mosquito e questionam se há pessoas na residência com sintomas da doença.
A dengue pode ser fatal em alguns casos. Embora a maioria das pessoas se recupere sem complicações, pode se tornar grave e levar à morte. Esses casos graves são mais comuns em pessoas que já foram infectadas com o vírus em uma infecção anterior, pois a resposta imunológica pode ser mais intensa.
Entre os sintomas mais frequentes da dengue estão febre alta; dor de cabeça intensa, atrás dos olhos, abdominal, muscular e nas articulações; manchas vermelhas na pele; náuseas e vômitos, cansaço extremo e sangramentos leves no nariz ou na gengiva. Já na versão grave da doença, a pessoa pode ter dor abdominal intensa, vômitos persistentes, sangramentos ou dificuldade para respirar, queda na pressão arterial etc. Por isso, é muito importante procurar atendimento médico imediato. Em Barueri, a população pode procurar as Unidades Básicas de Saúde (UBS), prontos-socorros e hospitais, como o Hospital Municipal de Barueri e o Hospital Regional Rota dos Bandeirantes.
A prevenção é fundamental, bastando eliminar criadouros do mosquito e usar repelente. De acordo com os agentes do DTCZ, entre os principais criadouros do mosquito encontrados nas residências em Barueri estão recipientes de fácil remoção, como latinhas, tampas de garrafas, baldes, copos descartáveis, pratos de plantas, vasos sanitários descartados, pneus, brinquedos, piscinas desmontáveis, caixas d’água descobertas, lonas e outros materiais acumulados.
Para proteger a população da febre amarela, a Prefeitura de Santana de Parnaíba intensifica os trabalhos de conscientização sobre a doença e reforça a importância da vacinação, principalmente antes de viagens. A febre amarela é uma doença infecciosa grave, causada por vírus e transmitida ao homem e a primatas não humanos (macacos), por meio da picada de mosquitos infectados.
Existe a febre amarela urbana e a febre amarela silvestre, o que diferencia cada uma é o transmissor da doença. A febre amarela silvestre ocorre, principalmente, por intermédio de mosquitos do gênero Haemagogus. Já a febre amarela urbana é transmitida pelo Aedes aegypti (também vetor da dengue).
Os sintomas da doença podem incluir febre alta, calafrios, cansaço, dor de cabeça, dor muscular, náuseas e vômitos por cerca de três dias. Dependendo da gravidade, a pessoa infectada pode sentir icterícia (olhos e pele amarelados) e hemorragias (de gengivas, nariz, estômago, intestino e urina).
A principal forma de prevenção contra a febre amarela é a vacinação. A vacina é gratuita e está disponível nas unidades básicas e avançadas de saúde do município durante todo o ano. Ela é administrada em duas doses para crianças de 9 meses a 4 anos, e em dose única para crianças a partir de 5 anos e adultos, sendo válida por toda a vida. A vacina deve ser aplicada pelo menos 10 dias antes de viagens para áreas de risco de transmissão da doença.
Cientistas de vários países identificaram fatores genéticos de risco para a depressão em populações de diferentes etnias, possibilitando prever o risco da doença independentemente da origem genética da pessoa. O estudo é o maior e mais variado já realizado sobre a genética da depressão. Os resultados foram publicados na revista Cell.
Os autores analisaram dados de mais de 5 milhões de pessoas em 29 países, incluindo registros da Brazilian High-Risk Cohort (BHRC), ou Coorte Brasileira de Alto Risco para Transtornos Mentais, estudo com participação do Centro de Pesquisa e Inovação em Saúde Mental (CISM), um Projeto Especial da Fapesp sediado na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM-USP).
As análises revelaram 697 variações genéticas relacionadas à depressão, quase 300 delas nunca antes identificadas.
Um terço dessas novas descobertas foi possível com a inclusão de indivíduos de ancestralidade genética miscigenada, como ocorre predominantemente na população brasileira. A medida marca um avanço significativo na equidade científica, porque esse tipo de estudo, geralmente, conta predominantemente com participantes com ancestralidade europeia.
“O estudo é um marco na psiquiatria genética, pois mostra a importância de incluir diferentes populações nas pesquisas para que os tratamentos possam ser eficazes para todos”, comenta o psiquiatra Pedro Mario Pan, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e coordenador da investigação no Brasil.
As variações genéticas identificadas estão ligadas a neurônios em regiões cerebrais que controlam as emoções. Essas descobertas oferecem novas pistas sobre como a depressão afeta o cérebro e podem levar ao desenvolvimento de tratamentos mais eficazes.
“Essas novas informações destacam áreas do cérebro que podem ser alvos diretos para terapias, além de permitir a adaptação de medicamentos existentes para tratar a depressão”, explica a professora da Unifesp Sintia Belangero, também integrante do CISM.
Entre os medicamentos que podem ser reaproveitados, alguns já são usados para tratar dor crônica e distúrbios do sono. Contudo, os pesquisadores alertam que mais estudos e testes clínicos são necessários antes de confirmar sua eficácia para a depressão.
Também participaram da iniciativa outros membros do CISM, como os professores Giovanni Salum, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), e Marcos Santoro, da Unifesp.
Os autores explicam que, como a maior parte das pesquisas genéticas anteriores focava em populações de ascendência europeia, havia uma limitação na aplicação dos resultados em outras etnias, perpetuando, com isso, desigualdades nos tratamentos.
Agora, com 25% dos participantes de ascendência não europeia, o novo estudo representa um passo fundamental para tornar os avanços científicos mais inclusivos.
“Esses resultados ajudam a reduzir lacunas históricas no conhecimento sobre a depressão e podem beneficiar milhões de pessoas em populações que antes eram sub-representadas”, afirma a pesquisadora Vanessa Ota, também da Unifesp.
Mentes do Futuro
Os resultados destacam a necessidade de mais pesquisas globais e colaborativas. Os cientistas esperam que os dados sirvam de base para novos tratamentos, além de melhorar a prevenção da depressão em indivíduos com maior risco genético.
“Agora temos uma visão muito mais clara da base genética da depressão, mas ainda há muito a fazer. O objetivo final é transformar essas descobertas em cuidados melhores e mais acessíveis para quem sofre com essa condição”, destaca a aluna de doutorado do Laboratório Interdisciplinar de Neurociências Clínicas (Linc) da Unifesp Adrielle Martins, que esteve diretamente envolvida nas análises dos dados do artigo.
A BHRC acompanha, há uma década e meia, 2,5 mil crianças e adolescentes oriundos de escolas públicas nas cidades de São Paulo e Porto Alegre, junto com seus pais e filhos nascidos anos depois do início da pesquisa.
O objetivo é investigar os fatores psicológicos, biológicos e sociais associados à origem dos transtornos mentais e às variações no desenvolvimento cognitivo. No CISM, o projeto recebe o nome de “Conexão Mentes do Futuro”.
O estudo desenvolveu um extenso banco de dados com centenas de milhares de variáveis, permitindo análises detalhadas e a formulação de novas perguntas em saúde mental, incluindo aspectos relacionados à genética e à estrutura cerebral.
O projeto busca oferecer insights inovadores e, até então, inacessíveis sobre as origens dos transtornos mentais.
O Governo de São Paulo reforça a importância da vacinação contra a dengue e alerta pais e responsáveis sobre a necessidade de imunizar crianças e adolescentes de 10 a 14 anos. A campanha de imunização segue em andamento em 392 municípios paulistas, conforme os critérios estabelecidos pelo Ministério da Saúde (MS).
Desde o início da vacinação, em fevereiro de 2024, até o dia 19 de fevereiro de 2025, foram administradas no estado um total de 670.936 primeiras doses e 268.665 segundas doses, correspondendo a cobertura de 27,91% e 11,18%, respectivamente.
Até quarta-feira (26), foram confirmados 158 mil casos de dengue e 140 óbitos, entre eles o falecimento de duas crianças na faixa etária (10 – 14) da vacinação em Nova Aliança e São Paulo. Ambos os municípios seguem com a campanha de imunização em andamento.
Recentemente, o Ministério da Saúde divulgou uma nota técnica indicando que os estados poderiam, conforme a validade dos imunizantes, ampliar a faixa etária para a vacinação contra a dengue. Como resultado, 16 cidades do estado expandiram a faixa etária, agora incluindo o público de 4 a 59 anos. As cidades contempladas são: Santa Branca, Quintana, Macatuba, Agudos, Bariri, Mineiros do Tietê, Lençóis Paulista, Jaú e Capela do Alto.
Além disso, os municípios de Reginópolis, Pederneiras, Balbinos, Presidente Alves, Restinga e Lupércio expandiram a vacinação para a faixa etária de 6 a 16 anos.
Como funciona a vacinação contra a dengue na rede pública?
O esquema vacinal é composto por duas doses, com intervalo de três meses entre elas. Para receber a vacina, pais ou responsáveis, devem levar a criança ou o adolescente até a Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima, portando documento de identidade, caderneta de vacinação e comprovante de residência ou escolar.
Se a criança/adolescente for diagnosticada com dengue, deve aguardar seis meses para iniciar a vacinação. Caso a infecção ocorra após a aplicação da primeira dose, a segunda deve ser mantida conforme o calendário, desde que haja um intervalo mínimo de 30 dias entre a doença e a segunda aplicação.
SP apresenta vacina em dose única
O Instituto Butantan submeteu à Anvisa, em dezembro de 2024, o último pacote de documentos para aprovação de sua vacina contra a dengue. O imunizante é tetravalente, desenvolvido para proteger contra os quatro sorotipos do vírus, e, se aprovado, será o primeiro do mundo em dose única.
A produção já foi iniciada e, em caso de aprovação, a expectativa é entregar 1 milhão de doses ainda em 2025, com um total de 100 milhões previstas até 2027.
A candidata à vacina protege contra os quatro sorotipos de dengue no mundo e teve seus dados de segurança e eficácia divulgados no New England Journal of Medicine, que mostraram 79,6% de eficácia geral para prevenir casos de dengue sintomática aos dois anos de acompanhamento. Resultados da fase 3 do ensaio clínico publicados na The Lancet Infectious Diseases mostraram, ainda, uma proteção de 89% contra dengue grave e dengue com sinais de alarme, além de eficácia e segurança prolongadas por até cinco anos.
Estudo publicado na revista Cell Host & Microbe por pesquisadores brasileiros e norte-americanos sugere que uma dieta rica em fibras solúveis pode proteger o intestino contra bactérias patogênicas.
A conclusão se baseia em experimentos com camundongos expostos à Clostridioides difficile, que causa inflamação do cólon, diarreia e afeta cerca de 500 mil pessoas por ano nos Estados Unidos (para o Brasil os dados epidemiológicos são escassos).
“Conseguimos tratar os camundongos que tinham uma infecção instalada com uma dieta suplementada com fibra solúvel. Ela é digerida pela microbiota intestinal, que produz compostos como o acetato. Este inicia uma cascata de interações que leva a uma resposta imune adequada para lidar com a infecção”, explica José Fachi, primeiro autor do estudo, conduzido durante seu pós-doutorado na Escola de Medicina da Washington University em Saint Louis, Estados Unidos.
O trabalho foi uma colaboração entre a instituição e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Os autores observaram que os camundongos que consumiram uma dieta rica em fibras solúveis produziram mais acetato no intestino. Esse aumento ajudou a regular a resposta imune na camada que recobre a parede interna do órgão, conhecida como epitélio, tornando-a eficaz no combate à bactéria C. difficile.
O acetato é um ácido graxo de cadeia curta gerado pela digestão de fibras solúveis, um processo realizado pelas bactérias que vivem no intestino.
No estudo, os camundongos que receberam uma dieta pobre em fibras produziram pouco acetato. Como resultado, houve um aumento na expressão de componentes do chamado complexo principal de histocompatibilidade de classe 2 (MHC-II) no epitélio intestinal. Embora o MHC-II seja uma molécula essencial na defesa contra infecções, sua produção em excesso pode causar uma inflamação exagerada, que danifica os tecidos e piora o quadro dos pacientes.
“É um efeito parecido com o que acontece na Covid-19 grave, quando a própria resposta imune leva à destruição de tecidos e mesmo à morte. No nosso trabalho, o consumo de fibras solúveis regulou essa resposta”, diz Sarah de Oliveira, doutoranda no Instituto de Biologia (IB) da Unicamp e coautora do artigo.
Vinolo orienta o doutorado de Oliveira e orientou o de Fachi, também bolsista.
Bactéria perigosa
À esquerda, tecido de intestino grosso de uma pessoa saudável; à direita, de uma paciente com infecção ativa por C. difficile. Foto: Fapesp/Governo de SP
Normalmente adquirida por pacientes idosos em internação hospitalar e que passaram por tratamento com antibióticos, a infecção pela bactéria C. difficile causa diarreias graves, podendo levar à sepse (infecção generalizada) e mesmo à morte.
Muitas cepas são resistentes aos medicamentos existentes, o que dificulta o tratamento. No Brasil, os estudos sobre o tema são escassos, em parte pela pouca disponibilidade de testes, sobretudo na rede pública.
Nos animais tratados no estudo com uma dieta pobre em fibras e, portanto, com pouca produção de acetato, a resposta imune foi exacerbada. As células epiteliais produziram em excesso a MHC-II, que tem a função de apresentar moléculas de patógenos (antígenos) para ativar os linfócitos T CD4+, responsáveis por combater infecções.
Entre essas células de defesa, os linfócitos intraepiteliais (IELs) foram superativados e passaram a liberar mais mediadores inflamatórios, como o interferon do tipo gama. O excesso dessas moléculas intensifica a inflamação, causando danos mais graves aos tecidos e piorando o quadro geral do hospedeiro, podendo levar à morte.
Com os resultados dos testes com camundongos em mãos, os pesquisadores analisaram biópsias de pacientes que tiveram a infecção por C. difficile. Da mesma forma que nos animais, os casos mais graves tinham maior presença de MHC-II e de linfócitos T CD4+, quando comparado com os menos graves.
“O estudo traz uma compreensão mais ampla do papel das fibras alimentares no sistema imune. Embora já tenhamos apresentado a relação entre a produção de ácidos graxos de cadeia curta e a imunidade em outros trabalhos, dessa vez conseguimos demonstrar um evento inédito e coordenado entre a microbiota, o epitélio e as células imunes no combate da infecção”, comenta Vinolo, que coordenou o trabalho com Marco Colonna, da Washington University em Saint Louis (leia mais em: agencia.fapesp.br/52256 e agencia.fapesp.br/41777).
Os autores reforçam a importância de uma dieta rica em fibras para a saúde do intestino. As fibras solúveis contidas em alimentos como frutas, verduras, legumes e cereais integrais ajudam a prevenir problemas intestinais e podem reduzir o risco de infecções graves, como a causada pela C. difficile.
“Escolhas alimentares simples, como incluir mais fibras na dieta, podem fazer uma diferença significativa na proteção contra infecções intestinais”, encerra Fachi.
Em estudo com 130 voluntários conduzido na UFSCar, foi observada diminuição drástica na capacidade de o coração se adaptar às demandas ambientais e fisiológicas
Pessoas que tiveram Covid-19, incluindo quadros leves, tendem a apresentar no curto e médio prazo desequilíbrios no sistema cardiovascular, precisando buscar tratamento de reabilitação. Foi o que constatou um estudo com 130 voluntários conduzido na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) com apoio da Fapesp.
Segundo dados divulgados na revista Scientific Reports, os participantes testados até seis semanas após a infecção apresentaram uma diminuição drástica na variabilidade da frequência cardíaca (VFC), ou seja, na variação do tempo entre cada batimento do coração. Já aqueles testados nos períodos entre dois e seis meses ou entre sete e 12 meses após a infecção mostraram melhoras paulatinas, mas sem chegar ao patamar do grupo-controle (composto por pessoas não infectadas pelo SARS-CoV-2).
A VFC é considerada um bom indicador da saúde, pois sinaliza a capacidade do coração de se adaptar às demandas fisiológicas. Dessa forma, quanto menor for o índice, pior os ajustes da frequência cardíaca e a adaptação a estressores ambientais (situações de fuga, angústia e medo) e fisiológicos (inflamação sistêmica, característica da Covid-19, por exemplo).
“Este estudo reforça a necessidade de programas de reabilitação até para pessoas que tiveram Covid-19 leve e não foram hospitalizadas. Os participantes tinham em média 40 anos de idade e alguns apresentavam fatores de risco para doença cardiovascular, como colesterol elevado, tabagismo, diabetes, obesidade e hipertensão arterial. Aparentemente, a Covid-19 potencializou esse desequilíbrio cardiovascular e, por consequência, aumentou o risco de doenças”, conta Audrey Borghi Silva, coordenadora do Laboratório de Fisioterapia Cardiopulmonar (Lacap) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).
O impacto da Covid-19 no controle autonômico cardíaco tem sido demonstrado em diversos estudos. “Nossa pesquisa contribui para a confirmação desse impacto e demonstra que ele pode acontecer também em indivíduos jovens ou de meia-idade que tiveram Covid-19 leve e não precisaram ser hospitalizados”, destaca Aldair Darlan Santos-de-Araújo, pesquisador da UFSCar e primeiro autor do artigo.
Além da menor variabilidade da frequência cardíaca, os pesquisadores observaram nos voluntários infectados pelo SARS-CoV-2 uma predominância do sistema nervoso simpático sobre o parassimpático. Estas são as duas faces do sistema nervoso autônomo, que controla as funções involuntárias do organismo, como a pressão arterial e a temperatura corporal. Enquanto o sistema parassimpático, entre outras tarefas, faz o coração desacelerar quando necessário, cabe ao simpático aumentar a frequência cardíaca em situações que envolvam perigo e medo, por exemplo.
“O bom funcionamento cardiovascular exige um equilíbrio entre esses dois mecanismos e, o que observamos, é que o impacto negativo da infecção pela Covid-19 nesses indivíduos provocou um desbalanço no sistema nervoso autonômico”, conta Santos-de-Araújo. “O padrão observado – de redução da variabilidade da frequência cardíaca e predominância do sistema nervoso simpático [ou redução da atividade parassimpática] – indica não apenas diminuição da modulação autonômica global, mas também sugere uma maior probabilidade de desfechos cardiovasculares desfavoráveis.”
Além disso, destacam os pesquisadores, os resultados inferem uma possível fase de transição da recuperação autonômica cardíaca, uma vez que os indivíduos avaliados no grupo com maior tempo de recuperação desde o diagnóstico apresentavam um comportamento melhor desse equilíbrio simpático-parassimpático.
“Esse efeito transitório pode ser observado com mais clareza no grupo avaliado mais precocemente [até seis semanas após a infecção], que apresentava pior variabilidade de frequência cardíaca, melhorando progressivamente com o tempo, contudo, não atingindo os níveis observados no grupo de participantes não infectados”, explica Santos-de-Araújo.
O estudo mostrou ainda que a dispneia (falta de ar) foi o sintoma mais comum entre os indivíduos com pior modulação autonômica cardíaca, mas não foi o único. “No grupo dos indivíduos monitorados no período mais próximo da infecção observamos maior percentual de tosse [47%], fadiga [50%], cefaleia [56%], ageusia [perda do paladar, 53%], ansiedade [62%], coriza [50%] e maior prevalência de indivíduos não vacinados [44%]”, conta Santos-de-Araújo.