Você já parou para pensar como é o mundo para uma pessoa que não enxerga? E para aquela que não ouve? Agora, imagine se esses dois sentidos não existissem simultaneamente. No dia internacional da Surdocegueira (celebrado dia 27 de junho) vamos entender mais sobre esta realidade presente na vida de milhares de brasileiros.
Segundo a Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos (Feneis), no Brasil, cerca de 40 mil pessoas são surdocegas. A educadora mediadora em surdocegueira que atua na rede de ensino municipal de Barueri, Maria Aparecida Pereira de Castro Augusto, explica que a surdocegueira é uma deficiência que apresenta a junção de duas deficiências: auditiva e a visual, e a comunicação pode acontecer das formas mais diversas.
“O surdocego decide a melhor forma de se comunicar. O importante é saber que ele aprende e tem uma forma diferente e peculiar para isso acontecer. É necessário respeitar essa forma de comunicação e, principalmente, o jeito que ele percebe o mundo”, ressalta a especialista. Ela aponta que entre os principais métodos para se comunicar com a pessoa surdocega estão a Libras tátil, o Tadoma e a comunicação háptica.
Libras tátil
A libras tátil adapta a Língua Brasileira de Sinais ao tato. O método acontece quando o surdocego sente os sinais ao tocar as mãos do interlocutor ou intérprete que realiza os movimentos adaptados.
Tadoma
O método tadoma é uma “leitura labial ao toque” realizado quando a pessoa surdocega coloca o polegar sobre os lábios do interlocutor e os dedos ao longo do queixo, podendo sentir e interpretar os movimentos da fala.
Comunicação háptica
A comunicação háptica é realizada quando a pessoa que quer se comunicar com o surdocego toca em partes neutras do corpo, como as costas, braços e pernas. Esses sinais podem ser criados e ampliados de acordo com a resposta e com a necessidade.
Educação especializada
A professora Maria Aparecida atuou de 2017 a 2021 no processo de aprendizagem da aluna Pyetra Vitória Neves de Souza, que tem surdocegueira congênita. Em sala de aula foi sua mediadora e aplicava um sistema de ensino acompanhado pelo Departamento de Atendimento Educacional Especializado da Secretaria de Educação por meio de exercícios sensoriais com uma abordagem autônoma.
“Pyetra é um exemplo de que a comunicação é possível. Ela passou a reconhecer as pessoas, ganhou autonomia para se locomover e se cuidar. Foi um grande salto na sua independência”, destaca a professora.
Tocando a vida
Wilson de Souza Junior, pai de Pyetra, conta que o ensino especializado fez toda a diferença em sua qualidade de vida. Hoje Pyetra, aos 16 anos, demonstra que a sua forma de sentir mundo foi além, e a música faz parte do seu dia a dia.
“Pyetra aprendeu a tocar surdo. É irônico, mas ela adora. Vamos todos os domingos no ensaio de uma Escola de Samba. Eu ensino a marcação da música e ela consegue acompanhar o ritmo. Ela adora carnaval, é ritmista!”, conta, alegre, o pai.
SDPD
A Prefeitura de Barueri, por meio da SDPD (Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência), oferece diversos serviços voltados à pessoa com deficiência que resgatam a autonomia e melhoram na sua qualidade de vida. Para mais informações e orientações sobre os serviços especializados, entre em contato por e-mail: sdpd.faleconosco@barueri.sp.gov.br.
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Fonte/fotos: Divulgação/SECOM-Barueri