Beneficiários do Bolsa Família gastaram R$ 3 bi em apostas em agosto

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Parte dos recursos dos programas sociais está indo parar nas casas de apostas. Segundo nota técnica elaborada pelo Banco Central (BC), os beneficiários do Bolsa Família gastaram R$ 3 bilhões em bets (empresas de apostas eletrônicas) via Pix em agosto.

O levantamento foi feito a pedido do senador Omar Aziz (PSD-AM), que pretende pedir à Procuradoria-Geral da República (PGR) que entre com ações judiciais para retirar do ar as páginas das casas de apostas na internet até que elas sejam regulamentadas pelo governo federal.

Segundo a análise técnica do BC, cerca de 5 milhões de beneficiários de um total aproximado de 20 milhões fizeram apostas via Pix. O gasto médio ficou em R$ 100. Dos 5 milhões de apostadores, 70% são chefes de família e enviaram, apenas em agosto, R$ 2 bilhões às bets (67% do total de R$ 3 bilhões).

O relatório inclui tanto as apostas em eventos esportivos como jogos em cassinos virtuais.

O volume apostado pelos beneficiários do Bolsa Família pode ser maior. Os dados do BC incluem apenas as apostas via Pix, não outros meios de pagamento como cartões de débito e de crédito e transferência eletrônica direta (TED). O levantamento, no entanto, só registrou os valores enviados às casas de apostas, não os eventuais prêmios recebidos.

O BC também estimou o valor mensal gasto via Pix pela população em apostas eletrônicas. O volume mensal de transferências para bets variou entre R$ 18 bilhões e R$ 21 bilhões. Somente em agosto, o gasto somou R$ 20,8 bilhões, mais de dez vezes o R$ 1,9 bilhão arrecadado pelas loterias oficiais da Caixa Econômica Federal.

Em agosto, o Bolsa Família pagou R$ 14,12 bilhões a 20,76 milhões de beneficiários. O valor médio do benefício no mês ficou em R$ 681,09.

Declarações

Em evento organizado por um banco nesta manhã em São Paulo, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, disse que as transferências via Pix para apostas triplicaram desde janeiro, crescendo 200%. Ele manifestou preocupação que o comprometimento da renda, principalmente de camadas mais pobres, com as bets prejudique a qualidade do crédito, por causa de um eventual aumento da inadimplência.

“A correlação entre pessoas que recebem Bolsa Família, pessoas de baixa renda, e o aumento das apostas tem sido bastante grande. A gente consegue mapear o que teve de Pix para essas plataformas e o crescimento de janeiro pra cá foi bastante grande. A gente pega o ticket médio e subiu mais de 200%. É uma coisa que chama atenção e a gente começa a ter a percepção de que vai ter um efeito na inadimplência na ponta”, comentou Campos Neto.

Na semana passada, o Ministério da Fazenda anunciou a suspensão das bets que não tiverem pedido, até 30 de setembro, autorização para operar no país. Na ocasião, o ministro Fernando Haddad comentou que o país enfrenta uma pandemia de apostas on-line.

“[A regulamentação] tem a ver com a pandemia [de apostas eletrônicas] que está instalada no país e que nós temos que começar a enfrentar, que é essa questão da dependência psicológica dos jogos”, disse Haddad. “O objetivo da regulamentação é criar condições para que nós possamos dar amparo. Isso tem que ser tratado como entretenimento, e toda e qualquer forma de dependência tem que ser combatida pelo Estado.”

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Fonte: Ag. Brasil – Foto: Joádson alves/Ag. Brasil

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Datafolha: 15% dos brasileiros já jogaram ou ainda jogam em sites de apostas esportivas

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Segundo o instituto Datafolha15% dos brasileiros já jogaram ou ainda jogam em sites de apostas esportivas, as chamadas “bets”. Deste total, 8% costumam fazer uma fezinha, ainda que de vez em quando, atualmente, e 7% não têm mais o hábito de apostar.

percentual dos jogadores entre 16 e 24 anos é o dobro da média nacionalfaixa etária mais suscetível ao vício. maioria dos apostadores, 30%, gasta mais de R$ 100 por mês. Mais da metade mais perde do que ganha.

As apostas on-line foram autorizadas em 2018, mas só agora foi sancionada a lei regulamentando esse tipo de jogo de azar, que, apesar de legal, não conta com apoio da maioria da população. notas:

De acordo com o Datafolha, 55% dos brasileiros são contrários a esse tipo de aposta. Os favoráveis somam 30%.

A lei define os critérios sobre tributação, regulamentação, monitoramento e fiscalização da atividade que ficará sob responsabilidade do Ministério da Fazenda. A iniciativa é uma aposta do governo para aumentar a arrecadação.

A equipe econômica estima que cerca de R$ 2 bilhões irão este ano para os cofres públicos, mas o valor pode chegar a R$ 12 bilhões anuais.

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Fonte: TV Cultura – Foto: Rawpixel

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