O Governo de São Paulo promove um grande evento em sua sede na próxima quarta-feira (13) para lançar o 1º Concurso Estadual de Qualidade da Cachaça Paulista “Cachaça.SP”.
Na solenidade que inicia a partir das 14h, o secretário de Agricultura e Abastecimento Guilherme Piai vai apresentar o novo plano de ações para incentivar a produção de orgânicos no Estado, o PLEAPO.
O objetivo do Cachaça.SP é avaliar, valorizar e divulgar a tradicional bebida produzida no Estado de São Paulo. Além disso, visa estabelecer um importante referencial de qualidade para os consumidores.
A organização do concurso conta com participação de toda a Secretaria de Agricultura, da extensão rural através da CATI, da área de pesquisa com a APTA Regional, Defesa Agropecuária e de toda a cadeia produtiva que faz parte das Câmaras Setoriais.
Na ocasião, o secretário vai anunciar a primeira edição de seu Plano Estadual de Agroecologia e Produção Orgânica (PLEAPO), em prol do desenvolvimento da produção de alimentos livres de defensivos químicos, incentivando a certificação das propriedades rurais, que consequentemente, facilitará o acesso a novos mercados e a linhas de créditos específicas.
Durante o evento, também devem ser abordados os seguintes temas:
– Sementes orgânicas e bioinsumos – Fernando Alves, Cati Sementes e Mudas
– Aplicativos para compras públicas orgânicas e preços – Diógenes Kassaoka, Codeagro
– Projeto Vinhedo Agroecológico – Wilson Tivelli, APTA Regional
– Pleapo – Construção e importância – Araci Kamiyama, Cati
O evento contará também com a presença de oito cadeias agrícolas, que vão expor seus produtos para venda e degustação, como mel, café, queijo, leite, ovos e derivados, frutas e produtos artesanais do agro paulista. O secretário estará aberto a perguntas de jornalistas no final.
Lançamento 1º Concurso Estadual de Qualidade da Cachaça Paulista “Cachaça.SP”
Data: 13/12/2023 Horário: 14h Local: Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo Endereço: Praça Ramos de Azevedo, 254 – República – São Paulo Entrada Gratuita
O Estado de São Paulo é o maior produtor de cachaça no Brasil: de acordo com o último levantamento feito pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento, são mais de 400 unidades que produzem a bebida em território paulista, o que representa 45% da produção nacional.
A estimativa, no entanto, é que esse número seja ainda maior. E para chamar a atenção de produtores espalhados em todo o estado, o Governo de SP vai promover o 1º Concurso Estadual de Qualidade da Cachaça Paulista “Cachaça.SP”. A expectativa é que cerca de 200 rótulos disputem, em três categorias, quais são as melhores cachaças de SP.
Para José Carlos de Faria Junior, coordenador das Câmaras Setoriais da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, além de auxiliar os alambiques na regularização de sua atividade, o concurso visa mostrar ao consumidor que ele pode ter acesso a cachaças de excelência, premiadas internacionalmente, e produzidas na sua região.
“O que a gente espera com concurso é, além de aumentar a divulgação e disseminar a qualidade do produto que é feito em SP, é também trazer ao conhecimento do consumidor que esses produtores, além de ter a qualidade, estão próximos dele, no seu município”, afirma Faria Junior.
Para ele, muitas dessas propriedades são receptivas, o que ajuda a fomentar a inclusão dos alambiques nas rotas turísticas, trazendo mais renda ao produtor.
O concurso está previsto para começar em outubro e vai até janeiro do próximo ano. A divulgação dos vencedores será feita durante a Agrishow de 2024.
Bebida tipicamente brasileira, a cachaça é considerada o primeiro destilado das Américas: os registros históricos apontam que a produção da bebida começou na primeira metade do século 16.
Atualmente, calcula-se que o Brasil possui capacidade instalada para produzir mais de um bilhão de litros de cachaça por ano, gerando mais de 600 mil empregos diretos e indiretos. Além de maior produtor, o Estado de SP é também o que mais consome e o que mais exporta a bebida.
Esse destaque no setor é explicado pelo alto volume de produção de cana de açúcar em solo paulista, mas também pelas características culturais das diferentes regiões. O Estado se destaca tanto na produção da cachaça industrial, também chamada de cachaça de coluna, quanto nas cachaças artesanais ou de alambique.
Essas últimas vêm ganhando destaque nos últimos anos, com apelo junto ao grande público. E o 1º Concurso Estadual de Qualidade da Cachaça Paulista vai ajudar na valorização desse patrimônio do Estado de SP.
De acordo com o Anuário da Cachaça, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, o Brasil possui mais de 930 estabelecimentos que produzem cachaça. A bebida criada pelos senhores de engenho para compensar o baixo valor do açúcar foi capaz de incomodar até a Corte Real Portuguesa, que detinha o monopólio de vinhos e aguardente no Brasil, e decidiu proibir a produção e venda da cachaça em 13 de setembro de 1649.
A proibição causou revolta nos produtores que eram perseguidos e tinham que pagar impostos. Sendo assim, no dia 13 de setembro de 1661, eles tomaram o poder no Rio de Janeiro durante cinco meses e com isso surgiu a Revolta da Cachaça. “O episódio foi tão marcante que desde 2010, no Brasil, no dia 13 de setembro é comemorado o Dia Nacional da Cachaça”, explica Rafael Câmara, bartender parceiro da Weber Haus.
Além de carregar o DNA do país, a cachaça é uma bebida rica em histórias e curiosidades. Para quem quer conhecer um pouco mais sobre ela, Câmara listou algumas informações importantes sobre a cachaça e a sua trajetória, confira:
Essa é uma questão que sempre costuma ser motivo de dúvidas e discussões, já que existem algumas versões sobre o início da produção de cachaça no Brasil. A versão mais provável é que a cachaça tenha sido destilada pela primeira vez em 1516, na Feitoria de Itamaracá – Pernambuco.
– Origem da palavra
A palavra cachaça é um lusitanismo da palavra espanhola “cachaza”, que é um subproduto anterior à cristalização do açúcar. A palavra é, portanto, um brasileirismo usado no século XVI, para denominar nossa aguardente de cana.
Muitos não sabem, mas a cachaça surgiu antes do pisco, da tequila, do rum e do bourbon. Sendo assim, a cachaça é o primeiro destilado das Américas.
– A cachaça e as madeiras
A cachaça é o único destilado que utiliza mais de 30 tipos de madeira para armazenamento e envelhecimento, o que lhe confere uma rica variedade de cores, aromas e sabores.
– Seu uso na medicina empírica
Usada inicialmente contra o frio e a umidade, a cachaça foi ganhando vários empregos na medicina empírica: desde picada de cobra, fraqueza, constipação e malária.
– A caipirinha surgiu de um remédio caseiro na época da Gripe Espanhola
Um dos drinks mais populares no Brasil surgiu na verdade de um remédio caseiro na época da Gripe Espanhola. A pandemia que chegou no Brasil na metade de 1918, fez a população recorrer a uma mistura de aguardente com mel e limão para amenizar os sintomas da gripe. A partir dessa mistura surgiu o coquetel mais brasileiro que existe.
E para quem quer brindar o Dia da Cachaça apreciando um drink feito com a bebida, Câmara explica o passo a passo de uma receita exclusiva, confira:
Cachaça cravo e baunilha
Ingredientes
50ml Cachaça
25ml Jäegermeister
04 Gotas tintura de cravo e baunilha
Modo de preparo
Acrescente todos os ingredientes na coqueteleira. Bata com gelo por aproximadamente 10 segundos. Sirva coado com auxílio de uma peneira para uma taça de coupé. Finalize com uma folha de limoeiro.
A cachacinha antes do almoço e antes de dormir é uma tradição para o mineiro Gustavo Motta, de 43 anos. “O problema é que eu acabei transformando isso em uma ‘bengala’ para conseguir dormir, já que tenho sérios problemas para dormir. Ansiedade, TDAH e depressão fazem parte da minha realidade. Diagnosticado, mas não medicado”, desabafa o jornalista que mora em Cabo Frio (RJ).
Gustavo disse que bebe todas as noites nos últimos 20 anos. “Desde 2001, quando tive um problema no joelho que acabou com minha carreira na dança, eu era dançarino e ator na época, foi quando meus problemas psicológicos se tornaram mais fortes”. Ele conta que toma aproximadamente meio litro de aguardente por dia.
Embora o álcool consiga trazer relaxamento e acelerar o adormecimento, o hábito de beber antes de dormir prejudica a qualidade do sono, alerta o biomédico e pesquisador do Instituto do Sono, Gabriel Natan Pires.
“A curto prazo, o álcool altera a arquitetura do sono, fragmentando este sono, piora o ronco e a apneia, e ainda a própria sensação de ter bebido demais e a ressaca pioram o sono também”.
Gustavo disse que sente as consequências do hábito no dia a dia. “Sinto falta de força física, cansaço, fora os outros problemas como pancreatite, inflamação no fígado e até uma trombose. Não tenho dores de cabeça. Roncava muito, mas fiz algumas cirurgias no nariz para evitar o ronco”.
Consequências
O especialista explica as consequências a curto prazo que o hábito de tomar umas doses para dormir causam, como por exemplo, prejudicar o sono REM. [último estágio do ciclo do sono, dura cerca de 20 minutos cada e é nele que os sonhos acontecem.] e ocasionar muitos despertares. Com isso, é comum acordar cansado na manhã seguinte.
“O sono induzido por álcool não é natural, não serve como um sono reparador, não serve para descanso. Se a pessoa acorda com a sensação de que está mais cansado do que quando foi dormir é a prova de que o sono não foi adequado. O álcool nunca é adequado para induzir sono”.
Pires explica ainda sobre outra consequência a curto prazo: a apneia do sono. “A apneia do sono é aquela doença em que a pessoa tem pausas recorrentes na respiração durante a noite. O álcool relaxa a musculatura da garganta. Então a pessoa que ronca quando está sob o efeito do álcool vai roncar mais, porque a musculatura da garganta vai ficar mais flácida”. Para quem ronca, o álcool é muito muito pior, devido a apneia.
“A depender da quantidade de álcool que a pessoa toma, a ressaca vai piorar o sono, já que, com ressaca e dor de cabeça ninguém consegue dormir direito, ainda tem que levantar no meio da noite para urinar várias vezes. Então tem os efeitos do álcool agindo sobre o metabolismo do corpo, afetando o sono”.
Segundo o levantamento Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), em 2021, consumo de álcool com frequência foi de 18,3% para a população geral, indicando que, após o aumento visto em 2020, com prevalência de 20,9%, no primeiro ano da pandemia, o consumo abusivo retornou aos patamares percebidos desde 2010.
Estágios do sono
O sono acontece em uma sequência pré-determinada. A primeira fase é chamada não REM [do inglês: rapid eye movement, ou movimento rápido dos olhos em português] e tem três estágios. Em seguida vem o sono REM, quando acontecem os sonhos. “O sono não REM, que é esse que começa o sono, é mais profundo. Diferentemente do que as pessoas pensam, o sono ruim é um sono superficial, em que o cérebro está muito ativo. Mas no sono não REM, o cérebro está bem lento”.
O biomédico explica que durante o sono não REM existe um neurotransmissor no cérebro que predomina, chamado GABA [sigla do inglês Gamma-AminoButyric Acid – ácido gama-aminobutírico]. Este neurotransmissor reduz a atividade dos neurônios de várias regiões do cérebro, fazendo que funcionem mais lentamente. Por isso, é liberado pelo organismo no início do sono.
“Então quando o álcool entra no nosso corpo, ele acaba fazendo o mesmo efeito que o GABA faria. Por diminuir a função das regiões que promovem o despertar, o álcool também pode promover sono”.
Mas, não só no sono, mas em qualquer função do nosso corpo, detalha o médico. “Quando alguém toma qualquer bebida alcoólica, ela primeiro vai inibindo funções como a social, então a pessoa fica desinibida. Depois vai perdendo o controle sobre a coordenação motora, depois da função da memória e até que pode chegar ao caso de intoxicação alcoólica, quando perde o controle da respiração, tudo isso porque o álcool vai inibindo essas funções”.
Tolerância perigosa
Além de prejudicar a qualidade do sono e aumentar o ronco e a apneia, o hábito de beber para dormir pode piorar com o tempo. “O sono vai ficando cada vez menos reparador e quando começa a se estabelecer a dependência, a ansiedade de ter que beber antes de dormir, já piora o sono”, alerta o médico.
Gabriel Natan Pires informou que, com o tempo, a tolerância à bebida aumenta, o que pode ser perigoso. “No começo, por exemplo, de um padrão de uso de álcool, a pessoa tinha que tomar uma taça de vinho para dormir. Depois de um tempo, uma taça de vinho já não faz o efeito que a pessoa precisa. Ela precisa tomar uma garrafa de vinho para dormir. Depois de um tempo não funciona mais. E esse padrão, de ter que aumentar a dose para conseguir o mesmo efeito é perigoso, porque a medida em que há o aumento, há o perigo de coma ou mesmo uma parada respiratória e por aí vai”.
Gustavo conta que também começou com poucas doses. “Comecei com pouco e fui aumentando. Acho que a capacidade de aguentar beber mais do que os outros, sem ter problemas com ressaca, fizeram esse hábito se tornar tão perigoso”.
O jornalista relata que já tentou mudar o hábito de beber para dormir. “Fiz tratamento psiquiátrico, mas não consegui dar segmento. É muito complicado entender o que acontece com a cabeça da gente. Eu já tentei várias vezes, mas não consegui. Hoje, sem perspectiva na vida e sem pensar em futuro, está ainda pior. Mas acredito que posso parar um dia”.
Mudança de hábito
Na visão do biomédico Gabriel Natan Pires, a pessoa que não consegue dormir sem tomar álcool vive uma espécie de condicionamento. De acordo com o grau de dependência, pode ter uma síndrome de abstinência, caso decida interromper esta rotina. Nesse sentido, é necessário ajuda médica e psicológica para se livrar deste hábito.
“O uso de álcool é uma dependência química. Então, é sempre muito melhor que a gente aposte na prevenção”, finalizou.
Por Ludmilla Souza – Repórter da Agência Brasil – Foto: Marcello Casal Jr/Ag. Brasil