O PSB de São Paulo articula uma estratégia para ampliar sua base de apoio no Estado ao mirar tucanos descontentes com a fusão entre PSDB e Podemos. O plano é utilizar o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB), como uma espécie de fiador político para atrair antigos aliados do ninho tucano, com foco na pré-candidatura de Márcio França (PSB) ao governo paulista.
A movimentação também está conectada a um projeto de mais longo prazo: o fortalecimento nacional do PSB visando a candidatura do prefeito do Recife, João Campos, à Presidência da República em 2030.
Segundo apuração do jornalista Pedro Augusto Figueiredo, do Estadão, o próprio Alckmin tem procurado manter conversas reservadas com antigos companheiros do PSDB sobre o atual cenário político paulista. O ex-governador de São Paulo, que comandou o Estado por quatro mandatos, migrou para o PSB em 2022 para compor a chapa presidencial com Luiz Inácio Lula da Silva (PT). À época, levou consigo poucos integrantes de seu grupo político original.
Nos bastidores, tucanos relatam que Alckmin tem mantido contato e se mostrado aberto a diálogos sobre possíveis realinhamentos. A assessoria do vice-presidente confirmou, por meio de nota, que ele “mantém diálogo democrático, sem distinção partidária, com todos os representantes do povo brasileiro”.
Para Caio França, recém-eleito presidente estadual do PSB e filho de Márcio França, a união entre PSDB e Podemos enfraquece os tucanos em São Paulo. “Essa fusão só vai beneficiar o Podemos, e o PSDB vai praticamente ficar de coadjuvante aqui no processo de São Paulo. Eu diria que tem total interesse da nossa parte em poder conversar, apresentar nossas ideias e, quem sabe, atraí-los tendo o vice-presidente Geraldo, que é uma figura forte, como fiador”, afirmou o dirigente.
A estratégia do PSB visa consolidar uma frente mais robusta para disputar o Palácio dos Bandeirantes em 2026, ao mesmo tempo em que prepara terreno para voos mais altos no cenário nacional.
O ministro do Empreendedorismo, Márcio França (PSB), lançou oficialmente sua pré-candidatura ao Governo de São Paulo durante o congresso estadual do PSB, realizado no último sábado (26) na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp).
O evento contou com a presença de importantes lideranças da legenda, como o vice-presidente Geraldo Alckmin, o prefeito de Recife, João Campos, a deputada federal Tábata Amaral e o ex-prefeito de Barueri, Rubens Furlan.
Márcio França, que foi vice-governador na gestão de Alckmin e assumiu o comando do estado em 2018, afirmou que tem intenção clara de disputar o Palácio dos Bandeirantes nas eleições de 2026. “Pré-candidato de verdade, você tem um período que é a partir do ano que vem. Mas o desejo de disputar a eleição eu tenho. Já comuniquei isso internamente a todo mundo do partido”, declarou o ministro.
Durante a convenção, o deputado estadual Caio França, filho de Márcio França, foi eleito presidente estadual do PSB. O plenário da Alesp ficou lotado para o evento, que marcou o início das articulações do partido para as próximas eleições.
O deputado estadual Caio França (PSB) deve assumir a presidência do diretório paulista do Partido Socialista Brasileiro no próximo sábado, 26 de abril, durante o congresso estadual marcado para a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp). A candidatura conta com o aval de prefeitos da legenda e do ex‑prefeito de Barueri, Rubens Furlan, que apoiou o movimento em torno do nome do parlamentar.
A troca de comando ocorre num momento de reorganização interna: dirigentes avaliam que a ascensão de França, 34 anos, representa a renovação de quadros e o fortalecimento do diálogo com os municípios da Grande São Paulo e do interior, considerados estratégicos para a construção de palanques em 2026.
Nascido em Santos e radicado em São Vicente, Caio França ingressou na vida pública aos 20 anos, eleito o vereador mais votado da história vicentina com 8.097 votos. Em 2014 chegou à Alesp com 123.138 votos, reeleito em 2018 e 2022, somando mais de 385 mil votos nas três eleições. Formado em Direito pela Unisantos, é filho do ministro do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, Márcio França, e da professora Lúcia França.
No parlamento paulista, França presidiu a Comissão de Meio Ambiente, liderou frentes parlamentares dedicadas à Baixada Santista, Vale do Ribeira e adoção, além de CPIs como a das Fake News. Sua principal marca recente é a Lei 17.618/2023, que incorporou a cannabis medicinal ao SUS paulista, tornando‑se referência para outras unidades da federação.
Se confirmado na presidência do PSB‑SP, Caio França assumirá a missão de articular candidaturas competitivas e ampliar a presença do partido nas prefeituras paulistas, campo considerado vital para a disputa de 2026. O congresso estadual do PSB terá início às 10h de 26 de abril, na Alesp, com participação de delegados e filiados credenciados.
As novas frentes parlamentares para a 20ª Legislatura da Alesp já estão sendo criadas. A área da Saúde é um dos principais focos dos grupos de discussão. Essas frentes irão tratar sobre diferentes temas, desde a defesa de direitos das pessoas com doenças raras até o combate ao câncer.
As frentes são grupos de deputados e deputadas que se reúnem, acima dos interesses partidários, para a discussão e o aperfeiçoamento da legislação e de políticas públicas de um determinado tema, com a participação de representantes da sociedade civil e órgãos públicos.
Estrutura Hospitalar e Farmacêutica
A Frente Parlamentar em Defesa do Iamspe e Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE), por exemplo, sob a coordenadoria do deputado Reis (PT), terá como objetivo a fiscalização desses hospitais, bem como a melhoria da estrutura e dos serviços. Entre as principais pautas, estão a agilidade no atendimento à população e o desenvolvimento de novas tecnologias hospitalares.
“Nosso trabalho começa na qualidade do atendimento e passa pelas condições que permitem esse atendimento. Há muito o que fazer para defendermos um serviço público que atenda aqueles que servem à população de nosso Estado. Temos certeza de que contaremos com a adesão e o entusiasmo de muitos parlamentares nessa tarefa em favor do Iamspe”, afirmou o parlamentar Reis.
Já a Frente Parlamentar em Defesa da Assistência Farmacêutica no Estado de São Paulo tem como coordenador o deputado Thiago Auricchio(PL). O parlamentar destacou alguns dos principais objetivos e expectativas do grupo em questão. “O setor farmacêutico é um dos principais parceiros que o Poder Público pode ter na busca de uma área da Saúde melhor. A Alesp pode e deve contribuir com essa discussão e só fará isso por intermédio de ações que envolvam o diálogo, o que faremos na Frente Parlamentar”, disse.
A Frente Parlamentar de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência e Doenças Raras será coordenada pela deputada Valéria Bolsonaro (PL). Neste grupo, a prioridade será a criação de leis que melhorem a qualidade de vida das PCDs, tanto no âmbito social quanto na acessibilidade, garantindo igualdade perante todos os cidadãos.
“Visamos à luta contínua pelo fortalecimento de leis e políticas que promovam a inclusão social e a igualdade de oportunidades para todos. O objetivo é o diálogo e a troca de informações entre as pessoas, grupos e entidades, sempre visando fortalecer a rede de apoio a esse grupo social”, destacou a coordenadora.
Na Frente Parlamentar de Apoio às Mães Atípicas, Átila Jacomussi (Solidariedade), assumirá a coordenadoria. Maternidade atípica é um termo criado para alertar a sociedade para as necessidades das mulheres que cuidam de filhos com deficiência. Ouvir as demandas dessas pessoas e trazer soluções é a missão dessa Frente.
“A parentalidade atípica tem como principal característica a sobrecarga dos cuidadores, principalmente das mães. Enquanto deputado, tenho o dever de ouvir as demandas dessas famílias e mulheres. Por isso, tenho como proposta uma Frente Parlamentar de Apoio às Mães Atípicas”, pontuou Átila.
Outras frentes que se encaixam na defesa da população são: A Frente Parlamentar de Proteção às Pessoas com Transtorno do Espectro Autista, do coordenador Rafael Saraiva (União); a Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos das Pessoas com Epilepsia, Autismo, Alzheimer e Mal de Parkinson, do coordenador Luiz Fernando (PT); e a Frente Parlamentar de Enfrentamento às IST/HIV/Aids, Hepatites Virais e Tuberculose, que será coordenada pela deputada Márcia Lúcia (PSDB).
Câncer
O câncer ainda é uma das doenças mais letais para a humanidade. Sem uma cura ou prevenção concreta, milhares de estudos e tratamentos experimentais são promovidos para combater de uma vez por todas essa ameaça. A Frente Parlamentar de Apoio e Combate ao Câncer, da coordenadoria de Valéria Bolsonaro (PL), terá esse propósito dentro do Estado de São Paulo.
“Precisamos incentivar ações que visem a pesquisa e o desenvolvimento de novas tecnologias e terapias para a doença, cobrar o aumento do financiamento e garantir que todas as camadas da população tenham acesso igualitário aos serviços de prevenção, diagnóstico e tratamento do câncer”, destacou a deputada.
Inovações
A Frente Parlamentar da Cannabis Medicinal e Cânhamo Industrial, do coordenador Caio França (PSB), pretende desfazer os preconceitos da sociedade e da área da saúde com o uso da cannabis. Com isso, o objetivo é criar novos medicamentos e métodos que ajudem os pacientes.
“A capacitação de médicos visando à prescrição via SUS, o combate ao preconceito com informação de qualidade e a disseminação da eficácia do medicamento em patologias diversas são pontos que serão trabalhados nesta legislatura pela Frente”, disse o deputado coordenador.
Em conversa exclusiva com o presidente do PSB (partido Socialista Brasileiro), Laerte Soares, foi negado que o prefeito Rubens Furlan irá se filiar ao partido.
Laerte Soares que tem mandato a frente do PSB Barueri até o ano de 2025, negou veementemente que o prefeito irá se filiar ao partido, mas destacou, “seria uma honra ter o prefeito nos nossos quadros e poder unir a cidade novamente”.
O presidente também declarou que, “Quem responde pelo pelo PSB em Barueri sou eu como presidente do partido. Nosso partido está estabelecido aqui e temos pré-candidato a prefeito, não fui sondado pelo prefeito Furlan e também não recebi nenhuma instrução do Márcio França ou do Caio França com relação a vinda do prefeito para o partido. Em Barueri, temos pré-candidato e a base está trabalhando muito para construir a candidatura do Gil Arantes. Toda essa especulação faz parte da política. Mas quem fala pelo partido aqui [Barueri] até 2025 sou eu”, concluiu Laerte.
Em nota divulgada nas redes sociais, o PSB Barueri informa que a ida de Rubens Furlan para o partido é apenas “especulações”. Veja abaixo:
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), terá que vetar ou sancionar nos próximos dias um pacote de projetos de lei aprovados pela Assembleia Legislativa que tratam de temas sensíveis e que representam bandeiras de deputados da base e da oposição.
A nova legislatura tem início somente em 15 de março, mas as articulações entre os deputados e os secretários do governo para a sanção dos 79 projetos estão em andamento.
Os textos foram aprovados no atacado, em dezembro passado, porém o ônus de analisá-los ficou com Tarcísio, e não com o antecessor Rodrigo Garcia (PSDB).
A primeira lei do pacote foi sancionada na terça (31) e prevê a distribuição de produtos à base de canabidiol no SUS. É de autoria do deputado Caio França (PSB) e de outros deputados de oposição.
Na última sexta (3), Tarcísio sancionou o projeto que obriga bares, restaurantes e casas noturnas a “adotarem medidas de auxílio à mulher que se sinta em situação de risco”, dos deputados Coronel Nishikawa (PL), Marcio Nakashima (PDT) e Damaris Moura (PSDB).
Já entre a base bolsonarista do governador, o principal projeto é o que proíbe a exigência do cartão de vacinação contra a Covid para acesso a qualquer local no estado.
Tarcísio tem até o próximo dia 15 para sancioná-lo ou vetá-lo e, de acordo com membros do governo, o martelo ainda não foi batido.
Enquanto parte dos deputados vê nas sanções e vetos acenos à base ou à oposição, muitos ponderam que, na verdade, a maioria dos projetos deve ser vetada por ser inconstitucional no que depende da análise jurídica, e não da vontade de Tarcísio. Integrantes do governo dizem o mesmo.
O projeto sobre o fornecimento de medicamentos à base de canabidiol, por exemplo, teve a maior parte do texto vetada, apenas trechos gerais que não conflitavam com a União ou com as prerrogativas do governador, foram mantidos.
Em evento na quarta-feira (1º), Tarcísio afirmou que começa o governo com o apoio de dois terços da Assembleia, ou seja, mais de 60 entre 94 deputados. Ele também deve emplacar o aliado André do Prado (PL) na presidência da Casa a partir de 15 de março.
No pacote, além dos projetos com carga ideológica, há propostas que alteram tributos e, com isso, reduzem a arrecadação do estado. No entendimento de alguns deputados e membros do governo, essas proposições são inconstitucionais e serão vetadas.
O governo já decidiu vetar, como mostrou o Painel, o projeto de lei aprovado que reduz o imposto sobre heranças e doações (ITCMD). O autor do projeto é o bolsonarista Frederico D’Avila (PL), aliado de Tarcísio.
A Secretaria da Fazenda na gestão Rodrigo apontou que o estado deixaria de arrecadar R$ 4 bilhões ao ano. D’Avila argumenta que, ao longo do tempo, a alíquota menor promoveria aumento na arrecadação.
O pacote foi aprovado no dia 21 de dezembro, logo antes do recesso, para cumprir uma tradição da Assembleia de que todos os deputados tenham ao menos um projeto aprovado por ano. Com isso, a análise da constitucionalidade não foi feita de forma detalhada, o que deve levar o Executivo a barrar medidas.
Em janeiro, os projetos aprovados começaram aos poucos a ser enviados pela Casa ao Palácio dos Bandeirantes. A partir disso, Tarcísio tem 15 dias úteis para veto ou sanção. A interlocução com os deputados está a cargo do secretário de Governo, Gilberto Kassab (PSD).
A deputada Letícia Aguiar (PL) diz acreditar que Tarcísio irá sancionar o projeto contra o chamado passaporte sanitário, que foi proposto pela deputada Janaina Paschoal (PRTB) em 2021 e teve o endosso de mais 15 parlamentares, a maioria bolsonaristas.
O texto proíbe a exigência de vacinação para ingresso em escolas e universidades e para o exercício de cargos na administração pública, além de falar em adversidades da vacina.
“O governador deve sancionar, pelo que a gente tem conversado com os secretários. Entendo que ele é favorável à liberdade das pessoas, ele sabe que esse projeto é sobre isso. Somos favoráveis à vacinação, mas antes de tudo somos favoráveis à liberdade da escolha”, diz Aguiar.
Na campanha, Tarcísio disse ser contrário à obrigatoriedade de vacinação de crianças e de funcionários públicos. Com esse argumento, deputados cobram o aval ao projeto, ameaçando acusá-lo de descumprimento de promessa.
A deputada diz que a sanção da lei pode até gerar a interpretação de que Tarcísio é contra a vacina, mas que isso não é verdade. “Ele nunca teve postura nesse sentido.”
Aguiar afirma que sancionar a maior parte dos projetos aprovados “politicamente é uma medida que ajuda no relacionamento [do governador] com a Casa”, mas diz que Tarcísio deve sancionar apenas os projetos que “impactam positivamente”.
A deputada trabalha pela sanção de outro projeto de sua autoria, o que aumenta a idade limite para ingresso na Polícia Militar de 30 para 35 anos. Aguiar diz que a proposta deve virar lei, já que o secretário da Segurança, Guilherme Derrite (PL), apresentou texto semelhante na Câmara dos Deputados.
Já em relação ao projeto do canabidiol, a expectativa inicial era de veto, tanto pelos pontos inconstitucionais como pela oposição da bancada conservadora na tramitação na Assembleia.
Ao sancionar o texto, Tarcísio falou que a questão não era ideológica, mas pragmática. “Isso tem a ver com saúde pública, não tem a ver com ser conservador ou não.”
O fator determinante para a sanção foi o fato de que o governador tem um sobrinho com a síndrome de Dravet, condição rara que gera convulsões, e que utiliza o canabidiol, conforme Tarcísio relatou em seu discurso. Durante a fala, ele chegou a se emocionar.
Houve ainda campanha dos deputados nas redes, um abaixo-assinado com 40 mil assinaturas e uma carta da OAB-SP em defesa da proposta. Para deputados conservadores, o apoio popular e a experiência pessoal blindam Tarcísio de sofrer críticas de seu eleitorado.
Caio França, que é filho do ministro Márcio França (PSB), opositor de Tarcísio na eleição e também contrário à privatização do Porto de Santos, pauta do governador, afirmou não ver caráter político na sanção.
“Estou muito satisfeito. Tarcísio em nenhum momento falou de política. Ele só disse que queria São Paulo na vanguarda do tema”, disse.
Para alguns parlamentares, Tarcísio marcou ponto com a oposição ao sancionar a lei. A proposta foi assinada por 8 deputados, do PSB, PSOL, PSDB, Rede, PC do B e Novo. Tarcísio esteve ao lado de opositores, como Mônica Seixas (PSOL) e Marina Helou (Rede), na cerimônia de sanção no Palácio dos Bandeirantes.