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Longe do fim e com o índice de contaminações ainda alto com a variante Ômicron, quais as lições que aprendemos com a pandemia de Covid-19 até agora? Uma delas, e talvez a mais importante, está na centralidade de uma abordagem multidisciplinar, planejada e engajada no tratamento das vítimas, como a adotada pela Prefeitura de Barueri.
A avaliação é de Danila Martins, assistente social do Hospital de Retaguarda do Jardim Paulista, que até julho do ano passado funcionou como unidade exclusiva para atendimento de pacientes vítimas do vírus que assolou o país nos últimos dois anos.
Foram 1.152 pacientes, vítimas da Covid-19, internados no período em que o equipamento foi transformado em hospital de retaguarda, entre 27 de abril de 2020 a 11 de julho de 2021. Hoje o equipamento de saúde do Jardim Paulista está voltado para a retaguarda dos casos de clínica médica, com registro de mais de 520 internações.
“Não há mais uma hierarquia nas funções do tratamento, os profissionais e serviços se complementam e há uma compreensão disso na equipe”, disse a assistente social, profissional com 12 anos de experiência e voltada para as ações de humanização no atendimento da área de saúde do hospital.
A posição da assistente social se sustenta ao verificar-se os trabalhos desenvolvidos no hospital, tanto para as vítimas da Covid-19 quanto para os cuidados com os integrantes das próprias equipes de saúde.
No primeiro caso, dos pacientes e seus familiares, os profissionais de saúde se defrontaram com uma nova situação de atuação, com restrições ao acesso dos parentes às vítimas internadas e a insegurança com relação à possibilidade de cura. “Muitas pessoas acham que a pandemia está acabando, mas a realidade é que precisamos seguir com todos os cuidados tomados até agora, sem relaxar”, disse Danila.
Empatia, comemorações e despedidas
A assistente social lembrou iniciativas bastante significativas durante os tratamentos, como as ligações em vídeo para pôr em contato parentes e amigos com internados. Alguns desses telefonemas ou videochamadas foram os derradeiros contatos entre o paciente e seus familiares.
“Comemoramos aniversários, realizamos ligações de vídeo, celebramos cada aumento de saturação de oxigênio, cada banho no chuveiro, cada autonomia do paciente restabelecida, cada alimentação autossuficiente”, completou a enfermeira Renata Carvalho dos Santos, responsável técnica do Hospital.
Um termômetro interessante é o retorno positivo das mensagens encaminhadas à Ouvidoria da Prefeitura. Também merece registro a visita de 13 pacientes que participaram da homenagem aos profissionais de saúde no Dia do Médico, em outubro do ano passado.
“Sou testemunha do trabalho incrível feito pela equipe no tratamento de meu marido, que ficou 30 dias na UTI, sendo 15 dias intubado. Foram sempre muito atenciosos, nunca fiquei sem assistência ou informações, seja pessoalmente no hospital ou mesmo pelo WhatszApp. Só temos a agradecer a toda a equipe”, disse a empresária Célia Regina dos Santos, esposa de Devi Julião dos Santos, que ainda se recupera das sequelas da Covid, mas não esconde a satisfação pelo atendimento recebido.
Ligações, recados e atenção
Danielle Aparecida Soares, atendente de call center, ficou intubada 11 dos 21 dias internada no hospital. Ela destacou a atenção que recebeu, assim como seus familiares. “Como não podíamos ter contato direto com os parentes, o pessoal da Saúde foi nossa família”, disse ao recordar as ligações, recados e mensagens que recebia quando estava em tratamento. Devi e Danielle foram dois dos 13 pacientes que participaram da homenagem aos médicos, em outubro.
Já nos casos dos profissionais de saúde, trata-se de um contingente profissional que está submetido a uma intensa carga de trabalho e as pressões resultantes de um momento histórico tão adverso, e inédito no combate ao vírus. Tanto que as ações de humanização no atendimento também foram voltadas a eles. “Foi um trabalho que chamamos de ‘cuidar de quem cuida’, com a promoção de rodas de conversa e atenção aos profissionais da linha de frente”, completou Danila.
“A gente pode entender o trabalho com uma equipe de nado sincronizado, onde cada profissional sabe seu papel e que um depende do bom trabalho do colega para o sucesso das ações”, compara a assistente social. Pois, ao lado de bons profissionais e equipamentos modernos, todo o processo – desde a entrada na unidade de saúde até o período pós-alta -, o tratamento humanizado faz toda a diferença para o reestabelecimento do paciente.
Fonte/texto/foto: SECOM – Barueri