Na manhã desta sexta-feira (8), Dia Internacional das Mulheres, a primeira-dama Sônia Furlan participou de um evento na Secretaria da Mulher de Barueri ao lado do prefeito Rubens Furlan, do vice-prefeito Beto Piteri e sua esposa Damaris.
Na cerimônia, denominada como ‘Meninas com sonhos tornam-se mulheres de visão’, Sônia Furlan discursou, falou sobre o momento que estão enfrentando na família e destacou o compromisso que ela, juntamente com o prefeito Furlan, tem com a população e a cidade de Barueri.
“As mulheres tem a sua voz, e tem a sua voz dentro de um governo democrático, de reconstrução, que reconstruiu essa cidade nos últimos oito anos. E nós nunca, nem eu e nem o Furlan, nos deixamos abater por nenhum problema, por mais grave que nós estamos enfrentando em nossa família. Todos os dias, só Deus sabe como nosso coração está, mas nós estamos de pé, Furlan não deixou de sair para trabalhar um dia, eu não deixei de sair para trabalhar um dia, porque nós temos um compromisso com essa cidade e um compromisso com o povo de Barueri, que confiou à nós, eu digo nós, porque eu faço parte de ajudar, mas que confiou ao Furlan e ao Beto [Piteri] essa responsabilidade”, disse Sônia Furlan.
As ações e os projetos desenvolvidos pelo Fundo Social de Solidariedade Estrela Guia, de Barueri, levam ajuda a milhares de famílias e inspiram diversas cidades brasileiras. Por trás deles, porém, existe um olhar apurado e engajado que consegue como ninguém ativar a empatia. Neste Dia da Mulher, celebrado em 8 de março, Sônia Furlan representa como ninguém a sensibilidade e a força femininas que fazem toda a diferença no contexto social.
Há 40 anos olhando além Era 1983 quando a pequena Barueri tinha 34 anos e Rubens Furlan assumia pela primeira vez a chefia do poder executivo municipal. Com apenas 22 anos, Sônia Furlan ocupava a “presidência da Promoção Social”.
O Fundo Social de Solidariedade de Barueri só seria criado por lei em 1987 e a jovem, que já era mãe, comemorava, pois através do Fundo Social poderia receber doações e ajudar mais pessoas.
“A pasta da Assistência Social sempre teve prioridade no governo. Entendo que as pessoas vulneráveis socialmente necessitam de uma rede de proteção para garantir que vivam com segurança. As necessidades são imensas: do direito à alimentação até moradia e boas condições de habitação”, pontua Sônia, cujo trabalho desenvolvido sempre foi de caráter voluntário.
Tocando vidas Hoje, Sônia está à frente da presidência do Fundo Social de Solidariedade de Barueri pela sexta vez e seu trabalho é reconhecido dentro e fora da cidade, além de servir como exemplo para outros municípios. E a cada ano os projetos vão mais longe, como é o caso do ReNascer e da Horta da Gente, por exemplo.
“Acredito que pude contribuir atuando em parceria com diversas Secretarias para garantir esses direitos idealizando, articulando e apoiando a criação de programas fundamentais que atingissem principalmente a mulher, que é a coluna da família e, portanto, da sociedade também”, diz.
Sônia Furlan destaca a força que esse trabalho ganhou com a criação de algumas Secretarias Municipais e outros órgãos que atuam diretamente nas causas sociais. “Ao longo dos anos, com a criação da Secretaria da Mulher, da Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência, da Delegacia da Mulher, da assistência judiciária gratuita, do Parque da Maturidade, da inclusão social pela moradia, do cooperativismo, da capacitação técnica para geração de renda, enfim, criou-se uma estrutura para atender essa população tão necessitada de ajuda”.
Para a presidente do Fundo Social, o envolvimento da cidade, seja por meio da sociedade civil, das empresas e das instituições, é muito importante e o que torna as campanhas solidárias mais abrangentes e efetivas na luta contra as desigualdades.
“Agradeço a Deus pela oportunidade de poder ajudar, como voluntária, ao longo de muitos anos, para a diminuição da desigualdade social no nosso município. Um abraço fraterno a todas as mulheres, que lutam diariamente, enfrentando todo tipo de dificuldade, com garra, força, sensibilidade e fé. Deus nos abençoe”, finaliza Sônia.
A Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), a Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU) e o Metrô de São Paulo terão uma programação especial para o Dia Internacional da Mulher, comemorado na quarta-feira (8).
No Metrô, na terça-feira (7), a Estação Santana será palco da exposição Viver é Morrer, com 48 imagens da artista Silvia Husek, que convida à reflexão sobre o envelhecimento e a invisibilidade da mulher acima dos 50 anos de idade.
Na quarta-feira, na Estação Brás do Metrô, haverá uma roda de conversa entre ferroviárias e estudantes do ensino fundamental e médio para falar sobre profissões. O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) levará à Estação Tatuapé a ação Descubra-se, que abordará temas como inteligência emocional e empoderamento feminino nos negócios. E no Terminal Metropolitano da EMTU, passageiras terão à disposição oficina de costura e orientações sobre empreendedorismo.
Ainda na quarta-feira, na Estação República, ocorre uma ação organizada pelo Centro de Reestruturação para a Vida, que promoverá o diálogo sobre gravidez inesperada, violência e abuso contra a mulher, entre outros assuntos debatidos pela instituição.
Para reforçar o combate ao assédio sexual, as agentes femininas do Metrô entrarão nos vagões para mostrar que qualquer mulher pode contar com a ajuda delas em caso de assédio. Além disso, a ação divulgará o X na mão, campanha mundial que orienta a mulher a sinalizar que está em perigo.
Já a CPTM promove a apresentação da Banda 710, formada por maquinistas das linhas 7-Rubi, 10-Turquesa e 11-Coral, na Estação Barra Funda. Na Estação Jardim Helena-Vila Mara, a companhia inaugura mais um Espaço Acolher para atender mulheres que sofrem importunação sexual.
Na quinta-feira (9), a Estação Santa Cecília do Metrô contará com sessão de cinema, em parceria com a Academia Internacional de Cinema, para exibição de curtas-metragens que apoiam iniciativas focadas no tratamento terapêutico das mulheres presas.
Na quarta-feira (22), um grupo de grafiteiras, composto por mulheres brasileiras e refugiadas, vai revitalizar a Estação Jardim Romano da CPTM, em uma parceria com o artista plástico Ziza, o Centro de Integração e Cidadania do Imigrante e a Secretaria de Cultura.
A semana começa e os clientes da doceira Elida Ribeiro recebem, por meio de lista de transmissão, mensagem motivacional. Foi essa a estratégia adotada quando ela começou a usar a internet nos negócios: “Todos os domingos mandava uma mensagem para começarem a semana bem, mensagens com positividade. E daí vinham sempre três ou quatro encomendas”, conta.
A proprietária de A Mineira Doceria Gourmet considera a internet importante aliada nas vendas. Agora, as mensagens motivacionais deixaram a lista de transmissão e são postadas no status. Pelas redes sociais, ela recebe atualmente pelo menos 90% dos pedidos.
A internet também é o instrumento de trabalho da empreendedora digital Tayane Andrade, que chega a trabalhar até 14 horas por dia quando precisa executar um projeto. “É um mundo muito rico em questão de conteúdo. Um mundo que dá para trabalhar e se sustentar”, defende.
Tanto Elida quanto Tayane não são regras entre as mulheres brasileiras. Apesar de estarem mais conectadas à internet que os homens, as mulheres ainda usam menos a rede para trabalhar ou para estudar.
A pesquisa Mulheres e Tecnologia – Dados sobre o acesso feminino a Tecnologias da Informação e Comunicação, da plataforma Melhor Plano, mostra que 85% das mulheres de 10 anos ou mais são usuárias de internet. Esse percentual entre os homens é menor, 77%.
Apesar disso, elas usam menos a internet para trabalhar. Em 2020, em meio à pandemia de covid-19, 32,47%, praticamente uma em cada três mulheres, usou a internet para realizar atividades relacionadas ao trabalho. Entre os homens, 44,16% fizeram esse uso.
As redes sociais entraram na rotina de Elida por causa de um cliente. Em Brasília, ela fazia doces e levava para vender nos bares da cidade. Foi quando um cliente a ajudou a criar perfis nas redes sociais. Ela passou então a postar onde estaria fazendo as vendas. Logo, passou a receber encomendas online e a ampliar os negócios, contratando funcionárias para a empresa. Quando veio a pandemia, já estava estabelecida de forma online e isso, segundo ela, foi fundamental.
“A minha mãe dependia de as pessoas comprarem, comerem e gostarem. Hoje, tem essa ferramenta gratuita que é Instagram”, diz Elida, que aprendeu a fazer bolos e doces com a mãe e a avó, que tinham o mesmo ofício.
Se não é possível conquistar os clientes pelo estômago, ela conquista pelos olhos: só posta aquilo “que dá vontade de comer com os olhos”, diz. “Os nossos doces são cem por cento artesanais e feitos diariamente. A gente tira várias fotos. O cuidado que temos é se olhamos a foto e temos vontade de comer. É a primeira coisa. Tem vontade de comer? Se sim, divulgo e, se não, nem divulgo”.
Muito trabalho
Para Tayane também foi fundamental o trabalho online, sobretudo na pandemia. “Essa pandemia não teve coisa boa, mas se tenho alguma coisa a agradecer desse tempo que fiquei em casa é justamente saber que mundo digital existe. É um privilégio”, diz.
Tayane dava aulas de empreendedorismo para mulheres. Com a necessidade de distanciamento social, as aulas passaram a ser online na pandemia. Foi aí que ela percebeu toda a dificuldade enfrentada por outras mulheres, que iam desde a falta de dinheiro para comprar pacotes de conexão, falta de equipamentos a até falta de tempo e de prioridade para se dedicar aos estudos. Como às vezes a família tinha um único celular, “a preferência era de quem trabalhava na rua ou era do marido, nunca dela”, diz.
Quando conseguiam passar muito tempo em frente às telas, se dedicando aos estudos, parecia que estavam fazendo algo errado. “Elas se sentiam um pouco desconfortáveis de passar tanto tempo dedicadas ao negócio porque era estranho e parecia que não estavam fazendo nada. No início, eu mesma me incomodava com isso também e, se não cuidar, até hoje a gente se incomoda porque parece que não está fazendo nada. Mas é tão trabalhosa quanto qualquer outra atividade, às vezes até mais”.
Hoje, Tayane deixou de dar aulas e se dedica ao próprio negócio, em que oferece mentorias e trabalha com marketing digital.
Fora do mercado digital
Segundo a pesquisa, a baixa proporção de mulheres que trabalham na rede pode estar relacionada à alta concentração da população feminina em trabalhos convencionais, que exigem pouco contato com os espaços online. “Talvez uma parte da população feminina ainda esteja concentrada em atividades que não exigem trabalho online, e sim mais presencial, físico, como domésticas ou mesmo cuidando da própria casa”, diz uma das sócias do Melhor Plano, Mariah Julia Alves.
“Grande parte das mulheres tem acesso à internet e isso é bem positivo”, complementa ela. “Mas, esses acessos têm sido usados em funções cotidianas – usam mensagens, chamadas de voz, para assistir vídeos, acessar redes sociais, coisas muito pessoais e que não são relacionadas à educação, ao desenvolvimento profissional”.
A desigualdade está também na formação. O estudo mostra que apenas 19,81% das mulheres entrevistadas revelaram ter feito cursos a distância em 2020. Entre os homens, o percentual foi 22,68%.
“Isso traduz muitas das desigualdades, em todos os aspectos, que nos atingem”, analisa a professora da Universidade de Brasília (UnB) Catarina de Almeida Santos.
“A gente enfrentou grande dificuldade para meninas e mulheres fazerem seus cursos de forma remota, durante a pandemia]. Quando estão em casa, ninguém entende que estão estudando. Muitas vezes, precisam olhar o filho ou são chamadas para fazer outra atividade. A própria infraestrutura domiciliar não possibilita que as mulheres tenham esse tempo e esse espaço”, diz Catarina.
Outras desigualdades
Os dados do Cetic.br mostram que há uma série de desigualdades no acesso à internet no Brasil, entre elas o tipo de equipamento pelo qual se acessa a rede. Homens têm mais acesso a múltiplos dispositivos, enquanto mulheres acessam mais a internet pelo celular, equipamento que tende a limitar algumas funções da rede.
A pesquisa Uso das Tecnologias de Informação e Comunicação nos Domicílios Brasileiros (TIC Domicílios) revela que mulheres negras acessaram a internet exclusivamente pelo telefone celular (67%) em maiores proporções que homens brancos (42%). Por outro lado, elas realizaram transações financeiras (37%), serviços públicos (31%) e cursos (18%) pela internet em proporções bastante inferiores às de homens brancos (51%, 49% e 30%, respectivamente).
“Essa questão de acesso e uso das tecnologias de informação e comunicação foi inserida em contexto social cultural, ou seja, se se está em uma sociedade machista, em que mulheres têm menos oportunidades no offline, isso também vai se traduzir no mundo online”, diz o coordenador da pesquisa TIC Domicílios, Fabio Storino.
Segundo a analista do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), órgão Cetic.br, Javiera Macaya, essa desigualdade de acesso e de oportunidades na internet começa desde cedo. “É preciso ter acessibilidade de gênero, ter acessibilidade considerando questões raciais. Sempre pensar em política pública, em dados, não parar em uma primeira camada de análise, mas incluir outras variáveis que são importantes, ainda mais no contexto brasileiro”, diz.
Os pesquisadores enfatizam que é preciso garantir o acesso à internet, mas, além disso, a qualidade desse uso para todos, o que inclui equipamentos de qualidade, alta velocidade de conexão.
“Precisamos preparar nossa sociedade para esse mundo cada vez mais digital, pensar em políticas com as quais possamos trabalhar as habilidades digitais necessárias para conseguir a atividade online”, afirma Storino. “Não adianta o governo e as empresas estarem digitais se há uma população que ainda não é digital, que ainda é analógica, que precisa desenvolver certas habilidades. A gente precisa trabalhar tudo isso junto”, acrescenta.
Por Mariana Tokarnia – Repórter da Agência Brasil – Foto: Marcelo Camargo/AB