A força e a competência da mulher negra no transporte público de Barueri

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Conduzir um ônibus com dezenas de passageiros diariamente pelas ruas de Barueri não é novidade alguma para Pamella Gweendolyn Romanovsky Rufino, afinal de contas, ela é uma motorista com quase 10 anos de experiência, mas para alguns passageiros é.

“Há pessoas preconceituosas de todos os gêneros, mas geralmente as mulheres são mais receptivas e me dão a maior força: ‘nossa, você é corajosa. Parabéns’, dizem algumas. Agradeço sem tirar os olhos do trânsito”, conta ela.

Outras pessoas, entretanto, já embarcam com um olhar desconfiado e parecem ficar à espera de algum deslize dela para justificar o pressentimento negativo. “Já fui vítima de atitude discriminatória. Não sei se fiquei mais chateada com a atitude de quem me agrediu ou com a indiferença dos que assistiram. Não basta que as pessoas não sejam racistas, é preciso que elas sejam antirracistas”, complementa.

Pamella é a única motorista do sexo feminino entre os 114 profissionais da Ralip e teve que preencher os mesmos requisitos e se submeter aos mesmos testes que todos os outros para ser admitida. Os colegas já se acostumaram à presença dela. “Meus amigos e meus superiores me tratam com respeito. É muito bom ser tratada com igualdade”, diz ela.

Seus sonhos, entretanto, vão muito além do volante. Pamella possui curso superior incompleto em Gestão em RH. “Sou muito comunicativa e acho que levo jeito para trabalhar em seleção de pessoal. Quem sabe eu possa começar aqui nessa empresa mesmo”, sonha.

Ela garante que interrompeu os estudos por falta de tempo. “Quero concluir meu curso muito em breve”, afirma.

Sobre Pamella
Ela nasceu em Carapicuíba há 37 anos. Seu sobrenome exótico vem de um bisavô russo, mas isso não a faz gostar do alto mandatário do Kremlin. “Não apoio as atitudes do Vladimir Putin”, conta. Ela começou como cobradora lá mesmo e em poucos meses se tornou motorista. Veio para Barueri buscando melhores condições de trabalho e remuneração.

Pamella é uma motorista com quase 10 anos de experiência. Foto: Divulgação/SECOM-Barueri

Para assumir o volante da linha A 168 (Jardim Itaquiti / Jardim Graziela) na garagem da Ralip no bairro Votupoca às 5h, Pamella precisa sair de casa uma hora antes, no mínimo. Sua jornada normal vai até as 15h20, mas ela faz algumas horas extras para reforçar o orçamento e só chega em casa por volta das 21h30.

Tem que administrar muito bem esse pouco tempo para seus afazeres domésticos, porque precisa descansar para reassumir o volante no dia seguinte. Ela é divorciada e aproveita a única folga semanal para curtir intensamente as filhas Carolina, de 17 anos, e Lívia, de 5. Recentemente as três foram assistir ao filme “Wakanda para Sempre”.  “Nós valorizamos demais a cultura negra”, afirma Pamella.

Consciência Negra
Em 20 de novembro celebra-se o Dia Nacional da Consciência Negra. A data foi criada para conscientizar sobre a força e a resistência da população negra no Brasil, assim como reconhecer e reparar o sofrimento imposto a esse povo desde a colonização.

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Fonte: SECOM-Barueri

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SP homenageia personalidades negras em exposição coletiva de grafites

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O Museu da Imagem e do Som (MIS) está homenageando em novembro, mês da Consciência Negra, 81 personalidades negras em uma megaexposição coletiva de grafites. As obras, realizadas por 81 artistas da periferia de cidades paulistas, estão expostas na sede do museu. Reproduções dos trabalhos estão espalhadas por quase uma centena de espaços culturais paulistas, como o Museu Afro Brasil, o Memorial da América Latina, e as Fábricas de Cultura.

A exposição faz parte da programação da Virada da Consciência Negra, composta por 220 atividades nos museus, bibliotecas, teatros, Fábricas de Cultura e instituições da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo.

“[A nossa intenção é] dar grande visibilidade aos artistas negros e suas obras de maneira a evidenciar a imensa contribuição que esses artistas deram para a cena cultural do nosso país ao longo do tempo. A ideia foi realizar atividades que sejam capazes de dar esta visibilidade, que é uma visibilidade mais do que merecida, mais do que justa”, destacou o secretário de Cultura e Economia Criativa, Sérgio Sá Leitão, em entrevista a Agência Brasil.

“[Propusemos] atividades que estimulem o público a refletir sobre esse mal que é o racismo, que infelizmente ainda persiste na sociedade brasileira, e é um mal que precisa ser extirpado, que precisa ser combatido. A ideia é que essas atividades convidem a população a pensar e refletir sobre a questão do racismo, mas com este sentido, de gerar indignação em relação ao racismo e gerar o repúdio ao racismo”, acrescentou.

Entre as personalidades negras homenageadas está Emanoel Araújo, fundador, diretor e curador do Museu Afro Brasil, falecido no último dia 7 de setembro, reconhecido por defender, valorizar e dar visibilidade à produção afro-brasileira nos mais diversos campos. Também é homenageada a cantora Elza Soares, falecida no início do ano, e referência da música negra.

Grafite

De acordo com o secretário, a escolha do grafite se deu em razão da representatividade desse tipo de arte. “O grafite é essencialmente uma linguagem artística urbana que nasce nas favelas e periferias e ganha o Mundo em que a grande maioria dos artistas é negra. Então portanto é uma manifestação ou é uma linguagem de artes visuais que está muito associada a contribuição da comunidade negra para a arte e a cultura do nosso país”.

A escolha dos homenageados foi realizada pelo Conselho de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra (CPDCN) do estado de São Paulo, primeiro órgão do país criado para a defesa dos direitos da comunidade negra e enfrentamento ao racismo. De acordo com a Secretaria de Cultura do estado, as 81 personalidades negras foram selecionadas em razão da sua trajetória e biografia.

A história de cada um dos homenageados pode ser lida aqui. A exposição ocorre, no MIS (Avenida Europa, 158) até 29 de janeiro de 2023, de terça a sexta das 11h às 19h. Sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h;. O ingresso é gratuito.

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 Por Bruno Bocchini/Ag. Brasil – Foto: Virada da consciência negra/divulgação

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