Com o objetivo de conscientizar a população para a prevenção ao suicídio e sobre a importância da saúde mental, a Prefeitura de Santana de Parnaíba realiza diversas ações durante todo o mês em prol da Campanha Setembro Amarelo.
Uma das ações é a Caminhada Pela Vida que será realizada no dia 26 de setembro às 10h. Antes da caminhada haverá uma roda de conversa com a secretária Selma Cezar, profissionais da saúde e participantes do Projeto Crescer, na Arena de Eventos. Em seguida todos sairão em direção a Praça 14 de Novembro.
Vale lembrar que atualmente o município possui três Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) sendo eles: Travessia (Álcool e Drogas), Alvorecer (Adulto) e Espaço de Vida (Infantojuvenil), que oferecem toda estrutura e profissionais especializados para atender os pacientes da cidade.
Criado em 2015, o Setembro Amarelo visa conscientizar a população sobre a importância dos cuidados com a saúde mental e a prevenção ao suicídio. Ao redor do mundo, o movimento também existe e ganha a cada ano maior visibilidade. Segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2019, 700 mil pessoas acabaram com a própria vida – número que representa uma em cada cem mortes registradas.
“O Setembro Amarelo é uma campanha fundamental na prevenção do suicídio porque estamos em um momento em que a saúde mental da população vem se deteriorando”, explica Filipe Colombini, psicólogo e fundador da Equipe AT. “O nosso país é um dos que apresenta maiores índices de depressão em toda a América Latina. De acordo com a OMS, 5,8% dos brasileiros sofre da doença que, quando não tratada, pode levar ao suicídio”, afirma.
Particularmente no Brasil, o percentual de pessoas que tiram a própria vida vem crescendo demais. Segundo dados do Ministério da Saúde, entre 2010 e 2019, ocorreram 112.230 mortes por suicídio, sendo que, no período, houve um aumento de 43% no número anual de vítimas; de 9.454, em 2010, para 13.523 em 2019.
Segundo Colombini, os fatores que podem levar ao suicídio são muitos e costumam variar de pessoa para pessoa. Conforme ele, entre essas condições estão sofrer de algum transtorno mental, abuso de álcool ou drogas, ter uma doença grave ou limitativa, ter sofrido uma perda recente e, ainda, ter dificuldade para socialização. “O grande objetivo da prevenção é conscientizar as pessoas que convivem com quem possa estar com ideações suicidas”, afirma Colombini. “Assim, essa rede de apoio, além de ficar atenta aos sinais de alerta para agirem na prevenção, vai também saber acolher a pessoa e ajudá-la a procurar ajuda profissional”, diz o fundador da Equipe AT.
Mas quais são os sinais que podem indicar que uma pessoa está pensando em se matar? O especialista conta que mudanças bruscas de hábitos e de rotina, isolamento social, irritabilidade, pessimismo, apatia, dificuldade em sentir prazer na vida, sentimentos de culpa e padrões alimentares e de sono desregulados são alguns dos indícios mais comuns em pacientes com esse quadro psicológico.
Mas Colombini alerta, ainda, que o suicídio costuma ser um problema silencioso porque é comum que a pessoa se isole cada vez mais, fazendo com que seja mais difícil de identificar a gravidade da situação. “Justamente por ser um tabu na sociedade, pessoas com tendências suicidas costumam sentir vergonha da sua própria situação e passam a se sentir ainda mais isolados e sozinhos”, diz Colombini. “Por isso, é de extrema importância a mídia e a população em geral discutirem abertamente o tema. Com isso, haverá uma maior conscientização sobre os sinais de ideação suicida, além da diminuição do preconceito sobre falar e tratar do assunto”, conclui o especialista.
Abrindo antecipadamente os trabalhos de conscientização e prevenção ao suicídio em Santana de Parnaíba, a Secretaria de Saúde realizou, nesta segunda-feira (21/08), na Arena de Eventos, a palestra “Abordagem técnica humanizada na tentativa de suicídio”.
Ministrada pelo Tenente Coronel Diógenes Munhoz, o treinamento abordou de forma prática e resumida, algumas das técnicas de abordagem humanizada que podem ser utilizadas em situações de tentativas de suicídio, para agentes de trânsito, guardas municipais, funcionários do Samu, servidores da educação e membros da sociedade civil.
Com um trabalho realizado desde 2005, na área de suicidologia, o militar desenvolveu, com base em conhecimentos acadêmicos, a atuação voluntária no CVV (Centro de Valorização à Vida) e a experiência de campo, um método de abordagem às situações de tentativa de suicídio, que já salvou, diretamente, a vida de 58, “tentantes”.
Com o método próprio, Munhoz já treinou oficiais e atores públicos de diferentes estados brasileiros, além de ganhar autoridade sobre o tema, sendo inclusive convidado a dar entrevistas para importantes programas de televisão, como o “Conversa com Bial”.