A vacina trivalente da gripe, produzida pelo Instituto Butantan e distribuída pelo Sistema Único de Saúde (SUS), é a principal forma de prevenção contra a doença e suas complicações, como pneumonias e a Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag), que podem levar à morte. A formulação da vacina de 2024 é composta por duas cepas de influenza A (H1N1 e H3N2) e uma cepa de influenza B, recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Para garantir uma proteção eficiente, o imunizante precisa ser atualizado anualmente, mesmo que isso signifique a mudança de uma ou das demais cepas da composição. A OMS monitora os vírus e suas variantes nos hemisférios norte e sul, e, seis meses antes do início do inverno, período de maior transmissão viral, anuncia as três principais cepas que devem estar na formulação dos imunizantes do ano seguinte.
Por isso, todos os anos o Ministério da Saúde realiza a Campanha Nacional de Vacinação contra a Gripe. A campanha foca principalmente nos grupos prioritários, como crianças menores de cinco anos, idosos, gestantes e doentes crônicos, entre outros públicos, considerados mais suscetíveis às complicações.
“A vacina do ano anterior não necessariamente trará proteção contra as cepas circulantes neste ano. Por isso é importante tomar a vacina da gripe a cada nova campanha. A formulação da vacina da gripe de 2024 é composta pelas cepas predominantes no hemisfério Sul: duas cepas da influenza A e uma cepa de influenza B, que tende a causar um quadro exacerbado de gripe em crianças pequenas”, afirma a gerente médica de segurança do Butantan, Karina Miyaji.
A gripe é uma infecção aguda do sistema respiratório, provocada pelo vírus influenza, que tem grande potencial de transmissão. O influenza pode ser dos tipos A, B, C ou D e corresponder a mais de 30 mil subtipos diferentes. Os vírus são formados por proteínas chamadas hemaglutinina (HA) e neuraminidase (NA) e podem causar os mesmos sintomas da doença. Os tipos A e B são os que atingem os humanos, e ao menos três causam doenças: H2N2, H1N1 e H3N2.
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Pandemia de H1N1
A vacinação é capaz de controlar a disseminação de Influenza, como a que ocorreu em relação à influenza A (H1N1) entre 2009 e 2010. A Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou uma pandemia da doença em junho de 2009, após o vírus acarretar surtos na América do Norte e rapidamente se espalhar pelo mundo. “As novas cepas de influenza que causam pandemias se originam de rearranjos genéticos de vírus de animais, como porcos e aves selvagens”, explica Karina.
Na época, ao contrário dos padrões típicos da gripe sazonal, o influenza A (H1N1) causou elevados níveis de infecções no verão no hemisfério norte, e depois níveis de atividade ainda mais elevados nos meses mais frios. O novo vírus também acarretou sintomas mais graves e maior mortalidade não observados em infecções recentes por influenza.
No Brasil, o H1N1 foi detectado em maio de 2009, concentrando-se primeiramente no sul e sudeste, mas depois se espalhando pelo país. Ao longo daquele ano, foram registrados quase 60 mil casos e mais de 2 mil mortes. Gestantes, idosos e pessoas com doenças crônicas foram as maiores vítimas.
“O estado gestacional causa várias alterações imunológicas, endocrinológicas e hormonais que tornam a gestante mais suscetível a infecções e a sintomas mais intensos em caso de infecção por influenza. A vacinação previne essas complicações na gestante e oferece uma dupla vantagem ao bebê”, esclarece Karina Miyaji.
Vacinação conteve pandemia
A pandemia foi contida com a produção e oferta de vacinas, que começaram a ser desenvolvidas no segundo semestre de 2009 e disponibilizadas para vários países em 2010, inclusive para o Brasil. Na época, o governo federal fechou um acordo de licenciamento e transferência tecnológica da vacina Influenza da farmacêutica Sanofi Pasteur para o Instituto Butantan e, em 2010, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) adquiriu 83 milhões de doses de vacina contra a H1N1.
A OMS decretou o fim da pandemia de influenza A (H1N1) em agosto de 2010, graças ao sucesso da vacinação. Foram notificadas oficialmente cerca de 18 mil mortes pela Influenza A (H1N1) entre abril de 2009 e agosto de 2010 em todo o mundo.
“As campanhas de vacinação começam pelos grupos prioritários porque eles podem desenvolver um quadro bem grave de influenza. Vimos isso na última pandemia de influenza H1N1 em meados de 2009 e 2010 quando muitas pessoas agravaram por causa da doença e vimos várias mortes de grávidas”, afirma Karina Miyaji.
Atualmente, o Butantan fabrica mais de 80 milhões de dose da vacina Influenza todos os anos, que são distribuídas via PNI pelo SUS. Como o vírus influenza A (H1N1) continua circulando entre humanos no planeta, ele continua sendo incluído na formulação vacinal e recomendado anualmente, principalmente aos grupos mais vulneráveis.
Idosos e crianças: maiores vítimas da H1N1
O Boletim InfoGripe, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), mostra que o influenza A (H1N1) é responsável pela maioria das mortes por Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag) em crianças menores de dois anos e idosos acima de 65 anos neste ano. “Na população entre 5 e 64 anos, a presença do vírus influenza A predomina entre os óbitos por Srag”, destaca o boletim referente à semana epidemiológica 32 (4/8 a 10/8).
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A influenza está relacionada à alta taxa de hospitalização em crianças porque elas ainda não têm imunidade para combater o vírus. “Crianças pequenas podem responder mal à gripe devido à imaturidade de seu sistema imunológico, da mesma forma que as grávidas, que já estão com o sistema imune alterado pelos hormônios e transformações da gestação. Nas pessoas saudáveis, além de proteger, a vacinação ajuda a passar pela doença de forma assintomática ou a abrandar sintomas”, esclarece Karina Miyaji.
Já nos idosos, a gripe tende a ser mais grave basicamente por causa de um fenômeno chamado imunossenescência, que é a queda das defesas imunológicas ocorrida com avanço da idade e por comorbidades, que os deixa mais propensos a adoecer de forma grave em caso de gripe.
“Grande parte das internações por Influenza são de idosos. Isso ocorre, sobretudo, pelo enfraquecimento do sistema imunológico ocorrido com o envelhecimento, associado a comorbidades como diabetes, problemas pulmonares, problemas renais e hepáticos, que ajudam a debilitar ainda mais o sistema imune”, conclui Karina Miyaji.
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Fonte: Governo de SP