Mais de mil são presos na Rússia em protestos contra mobilização de Putin

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Detenções ocorrem em 38 cidades em atos contra convocação de civis para lutar na Ucrânia. Após chefe do Kremlin anunciar medida, passagens em voos para o exterior nos próximos dias praticamente se esgotam. Mais de mil pessoas foram presas nesta quarta-feira (21/09) em manifestações em toda a Rússia contra decisão do presidente do país, Vladimir Putin, de ordenar uma “mobilização parcial” de tropas, convocando reservistas para lutar na Ucrânia.

Segundo o grupo OVD-Info, organização humanitária especializada no monitoramento de detenções, pelo menos 1.054 pessoas foram detidas em protestos em 38 cidades em todo o país após o discurso matinal de Putin à nação. As manifestações são as maiores na Rússia desde as que eclodiram após o anúncio da intervenção militar de Moscou na Ucrânia em fevereiro.

Jornalistas da agência de notícias AFP disseram que no centro da capital russa, Moscou, pelo menos 50 pessoas foram detidas pela polícia em uma rua comercial principal.

Na antiga capital imperial da Rússia, São Petersburgo, repórteres da agência viram a polícia cercar um pequeno grupo de manifestantes e detê-los um a um, colocando-os em um ônibus.

“Todo mundo está com medo. Eu sou pela paz e não quero ter que pegar numa arma. Mas sair agora é muito perigoso, porque senão haveria muito mais pessoas”, disse o manifestante Vasily Fedorov, um estudante que usava um símbolo pacifista no peito.

“Vim para o comício planejando participar, mas parece que já prenderam todo mundo. Este regime se condenou a si mesmo e está destruindo a juventude”, disse Alexei, de 60 anos, que se recusou a dar seu sobrenome.

“Por que você está servindo a Putin, um homem que está no poder há 20 anos?”, grita um jovem manifestante contra um policial. “Vim dizer que sou contra a guerra e a mobilização”, disse a estudante Oksana Sidorenko. “Por que eles estão decidindo meu futuro por mim? Estou com medo por mim mesma e por meu irmão”, acrescentou.

Alina Skvortsova, de 20 anos, disse esperar que os russos logo entendam a natureza da ofensiva do Kremlin na vizinha Ucrânia. “Assim que eles realmente entenderem, eles vão sair nas ruas, apesar do medo”, disse.

Passagens ao exterior esgotadas

O ministro da Defesa, Sergei Shoigu, afirmou na quarta-feira que a Rússia mobilizaria inicialmente cerca de 300 mil reservistas, depois que Putin, em um discurso televisionado, alertou que Moscou usaria todos os meios militares disponíveis na Ucrânia.

Passagens para voos para fora da Rússia nos próximos dias quase se esgotaram totalmente, mostraram dados de companhias aéreas e agências de viagens nesta quarta-feira, em um aparente êxodo de pessoas que não querem se juntar ao conflito.

A mídia local informou que os preços de algumas passagens para destinos como Turquia, Armênia e Azerbaijão teriam subido para o equivalente a mais de 2 mil euros (R$ 10 mil).

A convocação de reservistas não era completamente inesperada. As discussões sobre se a Rússia precisaria de mais soldados assumiram uma nova urgência neste mês, depois que a Ucrânia retomou o controle de mais de 6 mli quilômetros quadrados de território que estava sob controle russo.

Ao longo da guerra, houve relatos sobre uma campanha na Rússia para recrutar mais homens para lutar, incluindo anúncios em sites de emprego prometendo dinheiro rápido. Em meados de setembro, circularam imagens nas mídias sociais que supostamente mostravam o empresário ligado ao Kremlin Yevgeny Prigozhin recrutando prisioneiros russos para lutar na Ucrânia como parte do grupo mercenário Wagner.

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Fonte: TV Cultura – md (AFP, Reuters, DW)

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Putin mobiliza reservistas e faz ameaça nuclear

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Após perder territórios ocupados durante contraofensiva ucraniana, presidente russo anuncia mobilização parcial das tropas. Em discurso duro ao Ocidente, ele diz que usará todos os meios para proteger a Rússia. O presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou nesta quarta-feira (21/09) um esforço de guerra que ele chamou de “mobilização parcial” das Forças Armadas de seu país.

Em um discurso televisionado, Putin disse que a convocação de até 300 mil reservistas tem o objetivo de defender a Rússia e seus territórios durante a guerra na Ucrânia.

A decisão ocorre em meio a preocupações de Moscou em relação ao conflito, após uma bem-sucedida contraofensiva ucraniana ter reconquistado parte do território ocupado. Analistas afirmam que um dos motivos para o êxito do contra-ataque de Kiev foi a escassez de soldados russos.

Em sua fala nesta quarta-feira, Putin alegou ainda que o Ocidente deseja apenas destruir a Rússia, e não a paz na Ucrânia, e fez um alerta contra qualquer ataque ao território russo.

“Se a integridade territorial do nosso país estiver ameaçada, nós vamos usar absolutamente todos os meios disponíveis para proteger a Rússia e nosso povo. Isso não é um blefe”, afirmou.

Ao mesmo tempo, Putin advertiu contra o que ele chama de “chantagem nuclear” de outros países contra a Rússia. “Aqueles que tentam nos chantagear com armas nucleares deveriam saber que a agulha da bússola pode virar em sua direção”, frisou.

As armas nucleares da Rússia foram colocadas em prontidão após o início da guerra na Ucrânia, e Putin já repreendeu países da Otan por fornecerem armamentos para ajudar Kiev.

Até 300 mil reservistas russos

Após o anúncio de Putin, autoridades da Rússia afirmaram que o número total de reservistas convocados pode chegar a 300 mil. De acordo com o ministro da Defesa, Serguei Shoigu, somente aqueles com experiência relevante em combate e serviço serão mobilizados.

Ele acrescentou que há cerca de 25 milhões de russos que se encaixam nesse critério, mas apenas 1% deles será convocado.

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Outra cláusula do decreto assinado por Putin impede a maioria dos soldados profissionais de rescindir seus contratos e deixar o serviço enquanto a mobilização parcial estiver em vigor.

“Referendo” em regiões ocupadas

Em discurso, Putin ainda reafirmou que seu objetivo é “libertar” Donbass, no leste ucraniano, e que a maioria dos moradores da região não quer retornar ao que ele chamou de “jugo” da Ucrânia.

A Rússia classifica Lugansk e Donetsk – que juntas compõem a região de Donbass, que Moscou ocupou parcialmente em 2014 – como Estados independentes. Já a Ucrânia e o Ocidente consideram todas as partes da Ucrânia mantidas pelas forças russas como ilegalmente ocupadas.

A Rússia agora detém cerca de 60% de Donetsk e conquistou quase toda a região de Lugansk em julho, após avanços lentos durante meses de intensos combates.

Esses ganhos estão agora ameaçados depois que as forças russas foram expulsas da província vizinha de Kharkiv neste mês, perdendo o controle de suas principais linhas de abastecimento para grande parte de Donetsk e para o front em Lugansk.

O anúncio de Putin ocorre um dia depois de separatistas russos anunciarem a realização de “referendos” entre 23 e 27 de setembro para as províncias de Lugansk, Donetsk, Kherson e Zaporíjia, que representam cerca de 15% do território ucraniano – ou uma área do tamanho da Hungria.

“Não podemos e simplesmente não temos o direito moral de deixar que pessoas próximas de nós sejam destruídas por carniceiros. Não podemos deixar sem resposta o desejo sincero de definirem o seu destino”, afirmou Putin.

O líder russo frisou que a Rússia fará de tudo para garantir uma organização segura desses “referendos” para que “as pessoas exprimam a sua vontade”, e apoiará a decisão tomada pela população dessas regiões.

Anúncio de Putin pode ser “tiro no pé”

Para especialistas, o anúncio de Putin tem grandes riscos e pode tornar a guerra na Ucrânia impopular na Rússia, além de expor as deficiências militares do país.

É improvável que a mobilização traga quaisquer consequências sobre o campo de batalha durante meses, devido à falta de instalações para treinamento e equipamentos.

A embaixadora dos Estados Unidos na Ucrânia, Bridget Brink, escreveu no Twitter que a mobilização é um sinal “de fraqueza e do fracasso russo”. O ministro da Defesa do Reino Unido, Ben Wallace, fez a mesma avaliação ao descrever o movimento de Putin como “uma admissão de que sua invasão está falhando”.

“Ele e seu ministro da Defesa enviaram dezenas de milhares de seus próprios cidadãos mal equipados e mal conduzidos para a morte”, afirmou Wallace. “Ameaças e propaganda não podem esconder o fato de que a Ucrânia está vencendo a guerra, que a comunidade internacional está unida e que a Rússia está se tornando um pária global”, frisou.

Pouco depois do discurso de Putin, a mídia russa noticiou o aumento da demanda por passagens de avião para o exterior, embora os bilhetes atualmente sejam mais escassos e caros do que antes do início da guerra.

O anúncio do líder russo ocorre durante a realização da Assembleia Geral da ONU, em Nova York, onde a Rússia tem sido alvo de amplas críticas internacionais que colocam intensa pressão diplomática sobre Moscou.

O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, deverá se dirigir aos presentes na reunião nesta quarta-feira com um anúncio pré-gravado. Já Putin não viajou para Nova York para participar da Assembleia.


Fonte: TV Cultura – fc (Reuters, DPA, AP)

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Filha do “cérebro de Putin” morta em presumível atentado

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Jornalista e comentarista Daria Dugina defendia publicamente invasão da Ucrânia, no caminho da criação de um “mundo russo”. Bomba plantada em carro visaria seu pai, o ideólogo ultranacionalista Alexander Dugin.A russa Daria Dugina, filha de um ideólogo ultranacionalista considerado próximo ao presidente Vladimir Putin, foi morta num presumível atentado. Na noite deste sábado (20/08), o utilitário Toyota Land Cruiser em que ela viajava explodiu numa autoestrada nos arredores de Moscou.

O Comitê Investigativo da região, que descreve a vítima como jornalista e perita em política, declarou que uma bomba teria sido plantada no veículo visando Alexander Dugin, um veemente defensor da unificação dos territórios russófonos num novo grande império russo.

Pai e filha voltavam de um festival cultural. Segundo o jornal estatal Rossiiskaya Gazeta, o veículo explodido pertenceria a Dugin, mas no último momento ambos decidiram trocar de automóveis.

Os investigadores encarregados disseram estar considerando “todas as versões”, a fim de estabelecer a responsabilidade pelo homicídio. No entanto Denis Pushilin, presidente da separatista “República Popular de Donetsk”, na Ucrânia, colocou a culpa em “terroristas do regime ucraniano, tentando matar Alexander Dugin”.

Por um “mundo russo”

Da mesma forma que o pai, Daria Dugina, de 29 anos, defendia a invasão da Ucrânia – definida pelo Kremlin como “operação militar especial” –, enquanto passo necessário à criação de um “mundo russo”. O website United World International (UWI), de que ela era editora-chefe, postula que a Ucrânia “perecerá” se for admitida na aliança militar da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

Na qualidade de comentarista do canal de TV nacionalista Tsargrad e do site Movimento Eurasiano Internacional, ela expressava tais opiniões com veemência. Usando o apelido familiar de Dugina, que também usava o sobrenome Platonova, a Tsargrad declarou neste domingo que “Dasha, como seu pai, sempre esteve no front da confrontação com o Ocidente”.

A influência do ideólogo sobre o chefe do Kremlin tem sido objeto de especulações: enquanto certos observadores russos a classificam como significativa (daí apelidos como “filósofo de Putin”, “cérebro de Putin” ou “Rasputin moderno”), para outros ela seria mínima.

Dugin está sujeito a sanções dos Estados Unidos, e em março o Departamento do Tesouro americano divulgou que Daria Dugina também fora incluída na lista de personagens russas sujeitas a medidas punitivas, no contexto da guerra na Ucrânia.


Fonte: TV Cultura

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